Rachel Marques e Dedé Teixeira, na quinta-feira, na Assembleia, não escondiam os seus desapontamentos com o deputado Antônio Carlos
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Os deputados Dedé Teixeira e Rachel Marques estão certos de que o diretório vai confirmar a decisão
Apesar de a executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará ter decidido por manutenção de aliança com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), o deputado Antônio Carlos, ex-líder do Governo e parlamentar ligado à ex-prefeita Luizianne Lins, continua se posicionando contrário à resolução da legenda e fazendo críticas pontuais à gestão de Cid Gomes. No próximo sábado, o diretório do PT no Estado irá se reunir para, dentre outras coisas, referendar com todos os filiados presentes, a aliança com o PSB.
A deputada Rachel Marques, líder do PT, na Assembleia, criticou a atitude de seu colega, nas últimas sessões ordinárias, e afirmou que nesta semana irá se reunir com a bancada petista para que não ocorra fato semelhante ao de quinta-feira passada. A ideia é que ele siga as orientações da liderança, de permanecer na base aliada do Governo.
Na quinta-feira, um requerimento de Antônio Carlos, solicitando a presença do secretário de Saúde, Arruda Bastos, na Casa Legislativa, foi derrubado pela base aliada, contando, inclusive, com votos contrários de seus correligionários Rachel Marques e Dedé Teixeira.
A atitude dele, conforme informaram Rachel Marques e Dedé Teixeira pegou a todos de surpresa, pois não houve discussão com o grupo que sequer sabia do teor das propostas. "Nós votamos contrário porque achamos que aquela atitude vai de encontro a uma decisão partidária, foi uma postura de oposição e nós não somos oposição. Apoiamos o Governo", afirmou a parlamentar, lembrando ainda posicionamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando esteve em Fortaleza e também se mostrou favorável à aliança no Ceará dos dois partidos.
Durante encontro na Capital, o ex-presidente afirmou que o rompimento entre PT e PSB nas últimas eleições municipais de Fortaleza não significa que há impossibilidade de reconstrução da aliança, salientando ainda que o partido deve analisar se, estrategicamente, é importante colocar em risco a aliança histórica entre os dois partidos na esfera nacional. Rachel Marques disse também que o diretório estadual do PT irá seguir o posicionamento da executiva, mas que para 2014 não há uma definição de manutenção dos atuais aliados.
Elegermos
"Essa decisão do partido é para agora com o Governo do Estado. Para 2014 ainda vamos discutir depois de elegermos a nova direção partidária, porque ainda teremos que discutir, porque também tem toda uma tramitação. Mas, atualmente, a grande maioria que representa as forças partidárias é favorável à manutenção da aliança com o Governo", salientou a petista.
A nível municipal, contrariando as posições estadual e nacional, permanece a oposição ao Governo do pessebista Roberto Cláudio, com coro protagonizado pelos vereadores Acrísio Sena, Ronivaldo Maia, Deodato Ramalho e Guilherme Sampaio.
Para a líder do PT na Assembleia, só resta respeitar a decisão da executiva do partido em Fortaleza, mas ela quer que haja também respeito para a decisão a nível de Estado.
O deputado Dedé Teixeira afirmou ao Diário do Nordeste que as atitudes de Antônio Carlos têm pego todos de surpresa. Os atos dele demonstram também que tem havido pouca conversa para debater determinadas propostas, o que pode gerar um desconforto maior na sigla.
"Ele nos pegou de surpresa. Como é que o Antônio Carlos faz requerimento, não discute com a gente, não fala. Nós decidimos pela aliança e na época só ele e outro votaram contrários", afirmou o petista.
"Eu sei que ele tem o direito de se posicionar como quiser, que o papel dele é livre, mas tem que entender também que estamos atendendo a uma resolução recente da executiva estadual e vamos nos reunir no dia 9 para referendar esta decisão junto ao diretório estadual", apontou Dedé Teixeira.
Cobrados
Antônio Carlos, por outro lado, defende suas atitudes afirmando que é representante do povo do Ceará e que muitas vezes existem temas que são cobrados das pessoas para que ele se debruce a respeito. Ele afirmou ainda que o governador Cid Gomes "tem o discurso da competência" e que por conta disso teria articulado a ruptura com o PT em Fortaleza, "dizendo que nosso Governo não tinha competência e que nosso candidato não iria se viabilizar", lembrando ele episódio das eleições municipais de 2012.
"Como é que você inaugura um hospital e em menos de 30 dias uma marquise desaba? Se fosse só a marquise tudo bem. Mas o viaduto da entrada do Iguape ruiu, a escola profissionalizante próxima a UECE está atrasada há mais de oito meses. Eu não vou trazer o tema da seca e as dificuldades que as pessoas estão sentindo, é isso." Antônio Carlos voltou a dizer, inclusive, que pelo menos 60% de todos os investimentos feitos pelo Governo do Estado tiveram contrapartida do Governo Federal.
"Eu tenho trazido as demandas de meus eleitores e o PT permite isso. Não existe perfeição e nem unanimidade do Governo. Eu sou minoria na bancada e respeito o posicionamento dos dois. O PT votou contrário minha matéria e eu vejo isso com naturalidade, mas acho que estou sendo coerente com tudo o que defendi aqui", afirmou o ex-líder do Governo Cid Gomes.