Aliados nacionalmente, os partidos que dão sustentação à presidente Dilma Rousseff devem patrocinar disputas entre si em praticamente todas as capitais nas eleições municipais de outubro.Levando em conta os sete principais partidos da aliança dilmista (PT, PMDB, PDT, PSB, PC do B, PP e PTB), o confronto entre mais de três dessas siglas é bem provável em 17 capitais. Em sete delas, há pelo menos dois pré-candidatos da base.É o que ocorre em Fortaleza, onde o senador Inácio Arruda (PC do B) e o deputado Heitor Férrer (PDT) deverão concorrer contra o candidato a ser definido pelo PT. Já o PMDB encontra-se dividido: uma ala defende que o partido tenha candidato próprio, outra prefere esperar para ver qual candidato o governador Cid Gomes (PSB) apoiará.
Em capitais como São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Recife, o número de candidatos é ainda maior. Na capital paulista, cinco partidos da base têm pré-candidatos: Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Netinho de Paula (PC do B), Paulo Pereira da Silva (PDT) e Luiz Flávio D’Urso (PTB).
Principal aliado do PT em âmbito nacional, o PMDB deve disputar em 21 capitais. É a legenda com o maior número de pré-candidatos, ficando na frente, inclusive, do PT, que trabalha com a possibilidade de lançar 18 nomes.
HISTÓRICOA discrepância entre as disputas para as prefeituras e a aliança partidária que dá sustentação ao governo federal já ocorreu em outras eleições. Em 2008, por exemplo, PT e PMDB, os dois maiores partidos da coalizão nacional, se enfrentaram em 17 das 26 capitais em jogo.O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília David Fleischer lembra que nas disputas municipais a tendência é que prevaleçam os arranjos paroquiais. “As questões locais e a sobrevivência dos partidos fazem com que todos queiram disputar. A eleição municipal serve de base para o aumento do número de deputados, senadores e governadores.”
Apesar disso, o alto número de postulantes causa preocupação ao Planalto. Na última reunião com os dirigentes dos partidos, Dilma tentou acalmar os ânimos dizendo que nem ela nem o vice Michel Temer (PMDB) iriam se envolver nas campanhas. A orientação é que ministros, o vice e a própria presidente não apoiem um candidato em capitais com conflito na base.
Para o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a falta de acordo não é prejudicial. “É legítimo que na eleição municipal cada partido lance seu candidato, ainda mais em cidades com possibilidade de segundo turno. Isso em nada afetará a base da presidente Dilma, até porque o PT fará uma campanha sem ataques pessoais”, afirmou.