Conta só fecha com dinheiro extra, diz Eudoro Coordenador da transição pelo lado do prefeito eleito Roberto Cláudio (PSB) e anunciado diretor do novo Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), o ex-deputado Eudoro Santana procurou a coluna para reafirmar os cálculos sobre a situação financeira do Município. Ele reforçou que foram identificados R$ 225 milhões em restos a pagar no começo de dezembro. Na coluna de ontem, o coordenador da transição na Prefeitura e secretário do Planejamento, Alfredo Pessoa, dizia desconhecer a origem dos números de Eudoro e assegurou que a administração Luizianne Lins (PT) irá quitar os empenhos realizados. “Sempre coloquei que é uma fotografia do momento. Pode mudar. Pode empenhar, pode pagar, pode receber. Na data da consulta, se não me engano 8 ou 9 de dezembro, constava potencial de restos a pagar de R$ 225 milhões”, disse Eudoro. Ele destacou, também, que as projeções, de acordo com o histórico de receitas e despesas, sinaliza que os restos a pagar poderiam chegar a perto de R$ 300 milhões. “Poderia ser até mais, pode ser menos, pode até ser zero. Pode até ser positivo (o saldo)”. Contudo, destacou que as duas últimas hipóteses estão condicionadas a fator atípico. “Isso vai depender de coisas extraordinárias que entrem em dezembro. Se entrar recurso extraordinário. Ou então se anular os empenhos”. Esta possibilidade preocupa Eudoro. O empenho é uma das etapas iniciais do pagamento pelo poder público. Significa a reserva do dinheiro para a quitação. “A anulação dos empenhos é uma coisa grave. Vai cair nas costas do prefeito que vai entrar. As pessoas (fornecedores) vão procurá-lo, porque sabem o que foi empenhado”. A assessoria do prefeito eleito encaminhou à coluna extrato, do Portal da Transparência, que apontava restos a pagar, em 24 de dezembro, em R$ 301 milhões, resultantes da diferença entre empenhos e pagamentos. Como a coluna apontara ontem, a Prefeitura atribui a recente alta ao empenho para pagar o salário de dezembro dos servidores. Já sobre o argumento de Alfredo de que as receitas são superiores às despesas, Eudoro minimizou. “Isso aí não quer dizer nada. Tem que analisar o que efetivamente foi pago e o que não foi”. TERCEIRIZADOS CUSTAM R$ 24,1 MILHÃO POR MÊS, DIZ PREFEITURANa planilha enviada pelo secretário Alfredo Pessoa à transição, à qual a coluna teve acesso, constam os números de servidores por órgão e área de atuação – aqui publicados de forma sintética ontem – e, também, os números por empresas, com os respectivos contratos. O custo mensal informado é de R$ 24,1 milhões e o contrato mais caro, com a empresa Fortal. Confira abaixo: EMPRESAS DE TERCEIRIZADOS CONTRATADAS PELA PREFEITURA EMPRESA QTD. FUNCIONARIOS CUSTO MENSAL DO CONTRATO FORTAL 2.374 R$ 5.406.238,54DINÂMICA 2.511 R$ 4.363.186,05MAP 1.930 R$ 3.166.148,86RENT 1.208 R$ 2.131.675,03VESPA 1.163 R$ 2.046.218,77SERVNAC 930 R$ 1.876.798,01SKYSERV 350 R$ 756.166,50STAR SERVICE 290 R$ 745.858,61DOMINI/CALENA 413 R$ 701.477,77THOMPSOM 244 R$ 515.393,14INST. SOL. 310 R$ 494.209,45CERTA 174 R$ 491.270,28CARTER 248 R$ 438.601,65SLS 176 R$ 330.880,49FORTALEZA 144 R$ 304.612,56SINTRA 75 R$ 133.970,69SOLUÇÃO 35 R$ 86.852,22HIPER 40 R$ 83.430,10CINV 36 R$ 71.066,10ESCUDO 5 R$ 35.765,35PH SEGURANÇA 6 R$ 9.556,08TOTAL 12.662 R$ 24.189.376,25 EQUIPE DE ROBERTO CLÁUDIO REFORÇA QUE NÚMERO DE TERCEIRIZADOS CHEGA A 27 MIL Também não há acordo entre a atual e a futura gestão sobre o número de funcionários terceirizados. Eudoro Santana questiona a quantidade indicada por Alfredo na coluna de ontem – 12.662 – e afirma ter os nomes, CPFs, salários e a lotação de mais de 27 mil. “E ainda achamos que falta pois, pelas nossas informações, pode chegar a 30 mil”. Uma das razões da diferença é que a equipe de Roberto Cláudio contabiliza, por exemplo, os contratados pelo tão comentado Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Apoio à Gestão em Saúde (IDGS), que está fora da lista da Prefeitura. Alfredo explicou a ausência: “A contratação via OS (organização social) contabilmente não caracteriza terceirização. Pela OS, o processo fica mais prático e menos dispendioso para o setor público. (...) É um repasse para uma instituição que presta serviços para o setor publico via contrato de gestão (convênio)”, disse Alfredo, que acrescentou: “Afirmo que todos os convênios do IDGS foram entregues ao Dr. Eudoro Santana no dia 18 de dezembro”. O instituto dispõe de mais de 4,5 mil funcionários.