Com a composição na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa aguardando apenas a formalização amanhã, as atenções do meio político se voltam para a Câmara Municipal. Ali, onde as articulações ainda estavam camufladas em discursos cuidadosos, conversas de bastidores tendem a se intensificar e posições começarão a ser decididas. Embora vários nomes ainda estejam no páreo pela presidência, Elpídio Nogueira (PSB), que já era um dos favoritos, se fortaleceu ainda mais com os acontecimentos da semana passada.
Isso porque, na Assembleia, o deputado Sarto Nogueira (PSB) - irmão de Elpídio - ficou fora da Mesa Diretora. Embora as duas Casas não tenham relação direta, os próprios vereadores viam empecilhos para Elpídio, caso Sarto ficasse com a presidência ou com a primeira secretaria. Como isso não ocorreu, o caminho ficou mais livre para o vereador, que se diz ainda mais confiante. “As conversas estão muito boas. Estamos propondo um consenso e acho que vamos resolver logo, mais ou menos até dia 15 de dezembro teremos uma definição”, projeta Elpídio.
Ele diz que tem a intenção de compor a Mesa de forma semelhante ao que ocorre na Assembleia: “uma Mesa eclética, respeitando a proporcionalidade dos partidos”, nas palavras do vereador. Porém, como os jogos de poder são especialistas em desfazer prognósticos, o êxito de Elpídio não é tão simples como pode parecer. Aliás, um de seus maiores adversários no caminho é justamente seu colega de partido, Salmito Filho (PSB).
A estratégia de Salmito no início das movimentações foi desviar de si os holofotes ao dizer que não era candidato à presidência da Casa. Os demais parlamentares, porém, confirmam que ele é um dos que mais articulam no momento. Além de lidar com o favoritismo de Elpídio, Salmito enfrenta a resistência de alguns vereadores - sobretudo os petistas. O atual líder da prefeita na Câmara, Ronivaldo Maia (PT), já deixou clara essa posição.
Vitor Valim (PMDB) continua na disputa, reivindicando que o PMDB merece a presidência por ter a maior bancada - junto com PSC e PT - e pela importância que teve na eleição do prefeito eleito Roberto Claudio (PSB).
O atual presidente Acrísio Sena (PT) também mantém sua postulação, mas entre os petistas sabe-se que a missão é bem complicada. Ele espera o nome de consenso do bloco governista para negociar o apoio. Se o nome não for do agrado, fica na disputa até o fim.
Em situação parecida está o novato Wellington Saboia (PSC). “Vamos manter a candidatura, mas aceitamos dialogar se tiver um nome de consenso”, explica o vereador, acrescentando que considera Elpídio, Salmito e Valim como bons nomes para a presidência. Correm por fora ainda José do Carmo (PSL) e os peemedebistas Carlos Mesquita e Walter Cavalcante. Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Na última semana foi fechada a chapa para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Por isso, agora é a sucessão na Mesa da Câmara Municipal que passa a ser o foco das atenções do cenário político de Fortaleza. Saiba mais Walter Cavalcante (PMDB) diz ter um grupo de 24 vereadores comprometidos a votar juntos no nome que for escolhido pelo bloco governista.
Porém, a estratégia de anunciar formação de blocos é conhecida e, nesta altura, é vista muito mais como parte do jogo (ou blefe) do que como fato consumado.
A escolha da Mesa Diretora será formalizada no dia 1º de janeiro, quando os novos parlamentares tomam posse e se inicia a nova legislatura.
O prefeito eleito, Roberto Claudio (PSB) ainda não declarou sua posição sobre a sucessão na Mesa Diretora da Câmara. Nomes na disputa
Acrísio Sena (PT)Atual presidente da Câmara, vai para o segundo mandato como vereador. Em 2010, apoiado pela prefeita Luizianne Lins (PT), foi eleito presidente derrotando o então colega de partido, Salmito Filho (atualmente no PSB). No momento, mantém sua candidatura à reeleição, mas admite negociar apoio, mesmo porque suas chances ficaram reduzidas com a derrota do PT na disputa pela Prefeitura. Elpídio Nogueira (PSB)É um dos mais antigos vereadores e vai para o quinto mandato. Em 2008, disputou a presidência e perdeu para Salmito Filho, à época no PT. É o favorito para conquistar a presidência. Isso porque, além de ser do mesmo partido do prefeito eleito, se fortaleceu ainda mais na última semana, já que seu irmão, o deputado estadual José Sarto (PSB), ficou fora da Mesa Diretora da Assembleia. Salmito Filho (PSB)Vai para o terceiro mandato. Já foi presidente da Casa de 2008 a 2010, quando ainda estava no PT. Na ocasião, derrotou Elpídio, que, embora do PSB, era o nome apoiado por Luizianne. Não se colocou como candidato à presidência na atual disputa, mas é um dos que mais articulam para ocupar o posto. Seu nome não é visto com bons olhos pelos petistas. Vitor Valim (PMDB)Vai para o segundo mandato. Em 2008, foi eleito pelo PHS. Em 2011 foi para o PMDB. Diz que merece a presidência pela expressiva votação e pelo apoio à eleição de Roberto Claudio. Além disso, considera que o PMDB merece o posto, já que tem a maior bancada junto com PSC e PT. Wellington Saboia (PSC)É estreante na Câmara, mas já tenta ocupar o espaço de articulador na Casa. Presidente estadual do PSC, conseguiu o feito de eleger quatro vereadores pelo pequeno partido. Diz que mantém sua candidatura, mas aceita dialogar e negociar apoio, pensando, entre outras coisas, em levar seu partido a ocupar espaços de prestígio.