O arsenal do PT na volta à oposição
O PT de Fortaleza já está com armas a postos para fazer oposição ao prefeito eleito Roberto Claudio (PSB). O principal instrumento para isso será a cobrança sobre as promessas do candidato durante a campanha. Para isso, o partido, pela primeira vez, saiu de uma disputa eleitoral com todos os programas de rádio e televisão do adversário gravados. O material foi transcrito e será fornecido como munição à bancada de vereadores. A postura será de vigilância em relação ao que foi apresentado em campanha. Por dentro da máquina, há no partido sérias dúvidas em relação à viabilidade de execução, no curto ou médio prazo, de muito do prometido. São os casos do bilhete único nos ônibus, a construção de 80 creches e o IJF 2 – ou uma unidade hospitalar para desafogar o Frotão –, incorporado ao programa de governo quando Roberto Claudio recebeu apoio do PDT. A prefeita Luizianne Lins (PT) está atenta à postura dos vereadores. Embora aparentemente retraída, ela tem se mexido muito nos bastidores. Desde a derrota eleitoral, teve pelo menos dois encontros com a bancada, de onde saíram vários encaminhamentos. Em particular as reuniões da executiva e do diretório municipal, que oficializaram a postura de oposição ao prefeito eleito. Quanto aos vereadores, Luizianne dá sinais claros de que não aceitará postura dúbia. Cobrará enfrentamento cerrado.
DEMARCAÇÃO IDEOLÓGICAO vereador Guilherme Sampaio (PT) é citado nos bastidores como mais provável nome para liderar a oposição a Roberto Claudio. O petista não confirma e pondera que só haverá tal definição quando ficar claro quais as legendas irão, efetivamente, compor essa bancada. Mas, independentemente do papel que vier a cumprir, defende a linha de discurso que precisa ser adotada: a distinção ideológica de projetos. Para Guilherme, a estratégia deve ser caracterizar a próxima administração como de direita. “O governo Roberto Claudio nasce de aliança com a direita. Ele vai inevitavelmente ter métodos direitistas, inclusive para encobrir que é de direita”, afirma o parlamentar.
CUSTO DO BILHETE ÚNICOEm uma das reuniões da transição, a equipe de Roberto Claudio assistiu a exposição feita por técnicos da Etufor sobre a composição tarifária da passagem de ônibus. Houve questionamento sobre as condições para implantação do bilhete único. A resposta foi que é plenamente viável. Mas, nas condições atuais, o preço da passagem precisaria passar de R$ 2 para R$ 3,50, de acordo com a equipe técnica da Etufor. A alternativa para manter o preço da tarifa seria a renúncia fiscal ou o subsídio – em valores nada desprezíveis. O caminho mais provável para viabilizar a proposta provavelmente é o desconto do ICMS sobre o diesel. O que depende do Governo do Estado. A equipe de Roberto Claudio se debruça sobre os números e dados da gestão. Já ficou claro que não será nada simples colocar a promessa em prática nos primeiros seis meses. Mas esse é o objetivo.