Para o petista Elmano de Freitas, se alguém falava em disputa de duas máquinas, ficou claro nas ruas de Fortaleza que havia duas disputas bem diferentes, considerando que foram ações políticas nada iguais
FOTO: EDILENE VASCONCELLOS
Elmano evita falar sobre candidaturas e renova o seu compromisso com a militância do partido e a sua profissão
Elmano de Freitas, terminada a apuração que garantiu a vitória do seu adversário Roberto Cláudio para a Prefeitura de Fortaleza, disse estar com o sentimento do dever cumprido. Afirmou ainda que o maior acerto de sua candidatura foi ter feito uma campanha com os militantes e avaliou que o maior erro foi subestimar que o seu adversário fosse capaz de práticas politicas tão atrasadas. "Mas isso aí depois o povo vai julgar", disse.
Elmano chegou ao comitê central de sua campanha sozinho. Foi recebido por algumas lideranças políticas e militantes que ali estavam. A movimentação no local era bem reduzida, poucos entravam. Do lado de fora, o restante dos apoiadores do petista o esperavam. Antes de falar com sua militância, Elmano participou de uma entrevista coletiva.
O petista informou que a partir de agora seguirá militando no partido e dando continuidade ao seu ofício: advogar para os movimentos populares. Sobre futuras pretensões a cargos eletivos, preferiu não falar, alegando que tal decisão não cabia somente a ele, mas a todo o partido, pois até às 17 horas de ontem seu desejo era se eleger, entendendo que logo após o pleito não poderia ter um outro projeto para uma próxima candidatura.
Opinião
Elmano disse que, após o resultado das urnas até aquele momento, ainda não tinha falado com a prefeita Luizianne Lins. Sobre o futuro entre PT e PSB na Capital, já que no âmbito estadual as siglas estão unidas em alguns municípios, Elmano esclareceu que seu partido, unido, irá decidir, entendendo que esse é um processo para a legenda sentar e discutir e, por isso, não poderia expressar uma opinião pessoal.
Ele fez questão de salientar que o PT tem uma aliança nacional com o PSB que é muito importante para o projeto nacional, mas que em Fortaleza a disputa não foi com o Partido Socialista Brasileiro e sim com a família Ferreira Gomes. "Essa é a avaliação que eu tenho. Acho que nós vamos fazer uma discussão dessa relação nossa com o PSB dirigido pela família Ferreira Gomes. Prezo muito pela unidade do meu partido e vamos fazer isso de maneira unitária", ponderou.
Candidato pela primeira vez a um cargo majoritário, Elmano disse ter gostado da experiência e afirma que está muito satisfeito com o resultado do povo em relação à sua candidatura. "Primeiro quero agradecer a Deus e agradecer ao povo de Fortaleza pelos mais de 500 mil votos. Acho que é uma votação muito importante para a gente", avaliou, alegando que sua campanha enfrentou práticas políticas que imaginava estar ultrapassadas na cidade de Fortaleza.
Disputas
Para Elmano, se alguém falava em disputa de duas máquinas, ficou claro nas ruas de Fortaleza que havia duas disputas bem diferentes, considerando que foram ações políticas nada iguais. "Nós não trabalhamos com duas máquinas, nós trabalhamos com uma máquina e um projeto político do PT, das camisas vermelhas, das bandeiras vermelhas", entendendo que nesse resultado do segundo turno pesou muito mais "práticas políticas atrasadas" do que de fato os apoios alcançados pelo candidato eleito, Roberto Cláudio (PSB).
Elmano faz questão de frisar que faz parte de um projeto político que luta pelo povo independente de estar ou não no poder, destacando que o seu partido seguiu desde o início da eleição de maneira muito unificada, mostrando a força que a legenda tem. "Nós (PT) passamos mais tempo da nossa vida fora de governo do que dentro de governo, então estamos acostumados com essa batalha e vamos seguir nela", comentou.
Sobre o que ele espera para a administração de Fortaleza, com a vitória de Roberto Cláudio, Elmano acredita que começará a ser utilizado o discurso de que problemas históricos de Fortaleza não se resolvem em tão curto espaço de tempo, da mesma maneira, segundo ele, que não se resolveu o problema de violência no Estado. "Vamos ter um discurso diferente daqui a pouco. Vão dizer que não é tão simples assim, que não é tão fácil assim", opinou, deixando claro esperar, a partir de agora, que conquistas importantes feitas pelo PT nos últimos anos sejam mantidas pela próxima gestão.
O petista salientou ter contado, durante a sua campanha, com o apoio da militância, do ex-presidente Lula, da prefeita Luizianne Lins, dos partidos que fecharam aliança com o PT, de deputados federais, estaduais e vereadores. No trio elétrico em frente ao comitê central, ele agradeceu ao seu vice, Antônio Mourão (PR), afirmando que deve a cada militante e apoiadores os votos ganhos, entendendo que mais de 500 mil pessoas disseram nas urnas que se guiam "pela estrela vermelha do PT".
Vários militantes choravam e lamentavam a derrota do candidato. Gritavam o nome de Elmano e cantavam os jingles da campanha. Durante o tempo que discursou para seus apoiadores, Elmano foi bastante aplaudido. O petista ressaltou que o seu partido está ao lado do povo em qualquer circunstância. "Vamos continuar lutando para que essa seja uma cidade justa e igualitária".
Elmano disse para a militância que eles sabem das práticas políticas que enfrentaram, assegurando que o PT ainda vai "questionar muita coisa" vista nesse segundo turno. Na coletiva de imprensa, o petista afirmou que caberá ao departamento jurídico do partido tomara s providências. "Tive informações gerais que me assustaram bastante de compra de voto, de uso da máquina pública".
A militância se aglomerou em frente ao comitê Central, na Avenida da Universidade. Lá dentro, só algumas lideranças petistas aguardavam a chegada de Elmano: Joaquim Cartaxo, Ilário Marques, Guilherme Sampaio, Ronivaldo Maia, José Guimarães, dentre outros. Às 19 horas já havia bastante movimento no local. O comitê circulador, onde ocorria as plenárias da campanha petista, estava fechado.