Os deputados estaduais André Fernandes e Delegado Cavalcante, ambos do PSL, entraram ontem com pedido de intervenção da executiva nacional da legenda no diretório cearense, dirigido pelo deputado federal Heitor Freire. Protocolado em Brasília, o documento escancara de vez o racha na sigla.
No pedido, os parlamentares acusam Freire de agir ao "arrepio da lei" e de burlar o "estatuto da legenda" como presidente do partido no Ceará. Também alegam que o chefe da executiva estadual promoveu nomeações irregulares de membros, desgastou a imagem do PSL e descumpriu o regimento interno e o código de ética da agremiação.
Para os pesselistas, o correligionário faz perseguição política, mau uso dos recursos da entidade e adota "comportamento incompatível com o cargo", além de desrespeitar a isonomia dentro da legenda. Como exemplos, citam a dissolução do diretório de Fortaleza, antes presidido por André Fernandes, destituído do posto após ação de Heitor no começo deste mês.
Dirigido ao presidente nacional do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), o ofício tem como anexos nomes de integrantes da comissão provisória do PSL cearense que não seriam filiados à sigla. Entre eles, o irmão de Heitor, Leonardo David Pereira Freire.
A solicitação de intervenção no diretório estadual, que pode culminar em afastamento de Freire do comando, é acompanhada ainda de trechos de boletim de ocorrência contra o deputado motivado por agressão. A queixa foi lavrada pela vítima no 2º Distrito Policial da Capital, no bairro Aldeota.
O caso, sob responsabilidade do delegado Otávio Duarte, relata suposto ataque que um homem teria sofrido de um dos seguranças do parlamentar no saguão do Aeroporto de Fortaleza no dia 22 de fevereiro de 2019.
Segundo versão da vítima, Freire determinou que o auxiliar, de nome Albino, apreendesse o aparelho de celular com o qual ele filmava uma discussão com o deputado. Como o homem resistisse, foi agredido pelo segurança.
Para André Fernandes e Delegado Cavalcante, o comportamento do colega de partido fere a ética. "Instalou-se um verdadeiro caos nos meandros do PSL estadual em razão das decisões absolutamente arbitrárias que a presidência tomou em relação às comissões provisórias municipais e aos rumos de trabalhos do partido no Ceará", prossegue o documento.
"Com efeito, o presidente da comissão provisória estadual (Heitor Freire) tem ultrapassado o limite da resolução de problemas internos sem conferir publicidade aos mesmos, judicializando a política interna partidária", enfatizam os deputados.
Fernandes e Cavalcante mencionam uma filiada do PSL no Estado, Maria do Perpétuo Socorro Aguiar Germano, que teria sido processada por Freire por suposto crime conta a honra. Eles reproduzem fragmento do processo aberto pelo presidente estadual contra a pesselista, que havia requerido a criação de uma Diretoria da Mulher em junho de 2018, sugestão recusada por Freire.
O pedido de intervenção no diretório cearense finaliza dizendo que "todos os fatos robustamente comprovados indicam a necessidade imediata de adoção de medidas por parte dos órgãos superiores do partido, ante o intuito de manter a integridade partidária no Ceará".
Procurado pela reportagem do O POVO ontem, o deputado federal respondeu, por meio de assessoria, "que ainda não foi notificado pelo diretório nacional do PSL".
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