Deputados ocuparam a tribuna da Assembleia Legislativa do Estado na sessão desta quarta-feira (13) para cobrar providências em relação a prejuízos causados ao meio ambiente e à saúde pública pela atuação da mineradora Globest durante seis anos no município de Quiterianópolis. A zona rural da cidade ainda sofre consequências agravadas pela quadra chuvosa, que tem levado rejeitos minerais a contaminar um dos mais importantes cursos d'água do Estado, o Rio Poti.
Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Casa, o deputado Acrísio Sena (PT) fez uso do seu tempo no primeiro expediente para mobilizar parlamentares e instituições em torno do problema. Os parlamentares repercutiram matéria publicada pelo Diário do Nordeste na edição desta quarta, sobre a situação em Quiterianópolis.
"Nós queríamos fazer um chamamento especial à Câmara Municipal e à Prefeitura de Quiterianópolis, que pudessem somar conosco nesse conjunto de encaminhamentos, que vão desde os estudos da Semace sobre o impacto dos metais pesados sobre o rio e o solo, passando pelos relatórios dos 12 autos de infração (emitidos pela Semace contra a empresa), à suspensão da licença e o embargo para não continuar, assim como um novo laudo técnico do Ibama", afirmou o parlamentar.
Ele deve reunir a comissão novamente no dia 16 de abril, com a presença de representantes dos órgãos ambientais e dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, para a produção de um relatório definitivo sobre o caso e posteriores providências legais. Acrísio também levantou à Prefeitura de Quiterianópolis duas questões consideradas "fundamentais" por ele. O trabalho da Secretaria da Saúde nas comunidades impactadas e da Defesa Civil nas casas danificadas pelo uso de explosivos por parte da mineradora.
Aliado do atual prefeito de Quiterianópolis, Dr. Barreto (SD), o deputado Audic Mota (PSB) se pronunciou em defesa da atual administração.
"Dois pontos importantes: o início das atividades não foi sob a atual gestão. E segundo, essa mineradora não voltou a atuar por uma decisão clara e objetiva do atual gestor, de não ter interesse na renovação dessa atividade mineradora no município de Quiterianópolis. O que nos resta? Cuidar da parte ruim que ficou", afirmou o parlamentar.
Para Audic, as responsabilidades decrescem entre os entes a partir da União, que, segundo ele, reúne o maior número de interesses relativos ao caso, por se tratar de atividade mineradora, e em um manancial que corta mais de um estado. "O município é o menor ente. É como você querer atribuir à pequena cidade de Brumadinho a culpa por um dano daquela proporção", argumentou.
Região
Outra liderança da região, o deputado Carlos Felipe (PCdoB) atentou para a extensão dos impactos para além de Quiterianópolis. "O prejuízo não é só de um município. O prejuízo é de um rio, um dos maiores rios do Estado do Ceará, que vai comprometer a parte hídrica de Novo Oriente, porque com certeza aumentará os níveis de ferro na água do Flor do Campo, como já foi registrado em um estudo feito pela própria Cogerh há dois anos atrás", alertou o ex-prefeito de Crateús, que solicitou novo estudo técnico sobre a situação do manancial e fez críticas ao modelo de exploração estabelecido na região desde 2011.
"Na verdade, o que a gente percebe ali é o mesmo formato (de exploração) desde que o Brasil foi descoberto. Elem vêm, sacam os nossos recursos minerais, deixam um prejuízo, não só de ordem ecológica, de ordem econômica e de saúde, e vão embora. E aí está o papel de cada órgão em cumprir a sua parte. A Casa está procurando denunciar, fazer audiência pública e solicitar providências", concluiu.