Da secretária escolar à assessoria especial de gabinete. Neste mês de fevereiro, intensas nomeações estaduais para os cargos do segundo e terceiro escalões do Governo do Estado dão o tom da agenda imposta ao governador Camilo Santana (PT) por aliados. A força-tarefa do petista e dos secretários, nomeados ainda em janeiro, para dar cara aos quase nove mil cargos do Governo estadual tem ganhado ritmo nos últimos dias.
Apenas nas primeiras duas semanas de fevereiro, em torno de 158 cargos que envolvem assessoria técnica e jurídica, coordenadorias, diretorias, supervisores, assessores especiais e outros foram homologados. As informações estão no Diário Oficial do Estado.
O ritmo acelerado nos últimos dias é consequência da indefinição no primeiro mês de administração que acabou atrasando as definições. É certo que a crise na segurança pública, ainda no início do ano, afetou o processo.
A demora, no entanto, se deve também à pressão que o governador tem enfrentado para "acomodar" aliados neste quebra-cabeça. Interlocutores do Palácio da Abolição sustentam que os indicados seguem critérios técnicos. O que se vê na prática, porém, são parlamentares não reeleitos ou indicados deles sendo agraciados para funções de confiança na gestão.
No primeiro escalão do Governo estadual, como mostrado na edição do último domingo (10) do Diário do Nordeste, PDT, PT e MDB tiveram "cotas" de indicações em pastas importantes. A base de apoio do governador, porém, é bem maior e conta com outros 20 partidos, que reivindicam participação na administração de Camilo e esperam ser contemplados com cargos nos demais escalões. Esses arranjos políticos envolvem até a nomeação de aliados que não renovaram o mandato nas eleições do ano passado.
Estrutura
Ao todo, de acordo com o Governo do Estado, a máquina pública estadual conta com 8.800 postos comissionados espalhados em órgãos diretos e indiretos.
Uma das indicações oficializadas, neste mês, foi a do ex-deputado estadual Tomaz Holanda, do PPS, para o cargo de assessor especial do Governo na Casa Civil, responsável pela articulação política do Governo. À reportagem, Tomaz nega que a nomeação tenha sido uma contrapartida após ser derrotado no pleito de 2018, quando disputou vaga na Câmara dos Deputados.
"Eu passei um ano e meio na Assembleia como vice-líder do governador, fazendo interlocução com os deputados, levantando as ações do Governo. Então, ter sido convidado não foi pelo insucesso eleitoral. Isso (indicação) não é da cota do PPS, é da cota pessoal do governador. Você tem que ter um técnico na articulação", argumentou o comerciante, que não tem formação técnica comprovada.
Na lista de indicados do segundo e terceiro escalões, está ainda o ex-suplente de deputado estadual, George Valentim, do PCdoB, para o cargo de diretor de veículos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
O ex-deputado federal Paulo Henrique Lustosa, do PP, também foi agraciado em janeiro com o cargo de secretário executivo de saneamento da Secretaria de Cidades. O ex-deputado Marcos Cals, do Solidariedade, também será nomeado para o cargo de secretário executivo de obras e urbanismo da Pasta. Os dois cargos não existiam, foram criados na atual gestão de Camilo.
A maioria dos cargos no segundo e terceiro escalões, entretanto, ainda aguarda nomeação. Em algumas secretarias, os cargos de coordenadores não foram preenchidos. Há fundações, autarquias e empresas de economia mista sem diretores e coordenadores, porque não houve definições após as exonerações da gestão anterior.
Aliados próximos ao governador Camilo Santana dizem que a cúpula da Casa Civil tem recebido muitas sugestões de lideranças partidárias para postos na administração pública. Paralelamente, o chefe do Executivo Estadual tem feito um Raio X dos resultados alcançados em cada órgão para decidir se eventuais indicados políticos serão substituídos ou mantidos na gestão.
Na fila
Enquanto isso, aliados seguem à espera de espaços na máquina pública. O deputado estadual Bruno Gonçalves (Patriota) diz que o partido espera ser beneficiado com cargos terceirizados. Ele defende ter quadros técnicos.
"A gente quer ajudar. Meu pai administra uma prefeitura há 14 anos e é cercado de boas pessoas que sabem fazer gestão muito bem". Segundo ele, uma das indicações feitas pelo partido foi o nome da ex-prefeita de Beberibe, Michele Queiroz, para a Secretaria Executiva de Proteção Social, Justiça, Mulheres e Direitos Humanos. Michele é mais um caso de liderança política que não conseguiu sucesso na eleição de outubro do ano passado, quando concorreu à vaga de deputada estadual.
O deputado Julinho, do PPS, oficializado líder do Governo na Assembleia nesta semana, afirma que o seu partido está em "fase de negociação" com o governador por espaço. Segundo ele, a função de líder é da cota do governador.
"O presidente Alexandre Pereira está conversando com os secretários Nelson (Martins) e o Élcio (Batista) para, através dos perfis dos nomes apresentados, ter espaços".
Indicações políticas (nomeados e indicados):
- Ex-vereador do PDT, Carlos Dutra, para o posto de assessor especial;
- Ex-deputado estadual do PPS, Tomaz Holanda, para o posto de assessor especial;
- Candidato derrotado a deputado estadual, Marcílio Gomes, do PTC, se tornou secretário executivo da Juventude da Secretaria do Esporte e Juventude;
- Ex-suplente de deputado estadual, George Valentim, do PCdoB, foi nomeado para o cargo de diretor de veículos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran);
- Ex-deputado federal, Paulo Henrique Lustosa, do PP, foi nomeado para o cargo de secretário executivo de Saneamento da Secretaria de Cidades;
- Ex-deputado estadual, Marcos Cals, do Solidariedade, deve ser nomeado para o cargo de secretário executivo de Obras e Urbanismo;
- Sandro Camilo, nomeado secretário executivo de planejamento e gestão interna da Proteção Social, Justiça, Mulheres e Direitos Humanos, é da cota do deputado estadual Tin Gomes (PDT);
- Dedé Teixeira foi nomeado para ser secretário executivo de Recursos Hídricos.
PALAVRAS-CHAVES: