Deputado depôs ontem ao procurador regional eleitoral, Anastácio Tahim, na sede do MPF
( Foto: Reinaldo Jorge )
Depois do deputado Manoel Santana (PT), na quarta-feira (20), ontem foi a vez de o deputado Fernando Hugo (PP) dar explicações ao procurador regional eleitoral do Ceará, Anastácio Nóbrega Tahim Júnior, sobre as afirmações feitas, em pronunciamento na Assembleia Legislativa, sobre compra de votos no Interior do Estado por pretensos candidatos às eleições deste ano. Outro parlamentar que vai depor, pelas mesmas razões, é Roberto Mesquita (PROS), na próxima segunda-feira (25).
Fernando Hugo chegou à sede do Ministério Público Federal precisamente no horário marcado, às 14h, e saiu uma hora depois. Instado a dar informações relevantes para a abertura de uma investigação, ele afirmou ao Diário do Nordeste que lhe faltavam provas referentes aos casos dos quais teve conhecimento. "Eu disse que seria leviano, porque citar nomes sem ter provas documentais, factuais, de que candidatos estariam cooptando, comprando votos no sentido maior, sem ter prova, seria leviandade minha".
Para o deputado, cabe ao Ministério Público listar quem esteja disposto a disputar eleições no Ceará, "seja ao Congresso, seja a cargos majoritários, seja à Assembleia Legislativa, e procurar saber as intimidades, as ligações de ontem e de hoje com prefeituras, com instituições administrativas, que direta ou indiretamente estejam a favorecê-lo, seja de que forma for".
Antes disso, na manhã de ontem, a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Federal para investigar denúncias de irregularidades nas delações premiadas da Operação Lava-Jato repercutiu na sessão da Assembleia. Fernando Hugo considerou a CPI "imunda" e "suja". Segundo ele, a proposta já nasceu, "'fedorentamente', contra o Brasil e as ações do povo brasileiro". Leonardo Araújo (MDB), por sua vez, defendeu a continuidade da Lava-Jato, que, para ele, tem combatido a sensação de impunidade na política.
Efeitos
O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), apresentou um requerimento, no último dia 30 de maio, com número regimental de assinaturas de parlamentares - 190 - para instalar a Comissão. No entanto, após repercussão negativa, mais de 50 assinaturas já foram retiradas do requerimento.
"A Lava-Jato não merece que a legalidade de uma CPI venha intercalar passos fortes e largos que estão sendo dados. O mérito é muito menor do que a constitucionalidade e esse mérito eu tenho certeza que alguns que escreveram apequenou-se pela pressão social. CPI imunda, suja!", esbravejou Fernando Hugo.
Manoel Santana, no entanto, disse que a CPI é um instrumento "legítimo" e "democrático" do Parlamento e que pode servir para corrigir "excessos" cometidos na Lava-Jato. Ele apontou que delações podem estar sendo utilizadas como um instrumento de "perseguição política".