A quatro meses da eleição, a compra de votos durante o processo eleitoral voltou ao debate, ontem, na Assembleia Legislativa. Desta vez, o deputado Manoel Santana (PT) disse não acreditar que o pleito deste ano seja uma oportunidade para se promover mudanças no País, uma vez que o Brasil, segundo ele, já está "muito vulnerável e maculado" pela corrupção eleitoral "crônica". Para o petista, uma transformação não deve acontecer apenas pela via eleitoral, mas, principalmente, por meio da mobilização popular e da realização de uma Constituinte.
O parlamentar lembrou que a corrupção na política brasileira é histórica e ocorre desde a época dos coronéis, com o chamado "voto de cabresto". Hoje, o voto "comprado", segundo Santana, se modernizou, na medida em que políticos e empresas estabelecem relações "escusas", envolvendo trocas de benefícios em favor da eleição, como já revelou a Operação Lava-Jato.
Para o petista, a democracia brasileira ainda é "vulnerável" ao "poder das elites" e as eleições representam um momento "fantástico" para tais práticas. Ele frisou, porém, que boa parte da população vê o processo eleitoral como a oportunidade de "colocar as coisas em ordem".
Propostas
O parlamentar expôs uma lista com 22 propostas, elaboradas por centrais sindicais, que serão apresentadas aos pré-candidatos à Presidência da República, senadores e deputados federais. Ele destacou algumas que considera "prioritárias" diante do momento de crise político-econômica no País. A primeira delas, citou Manoel Santana, é a criação de uma política de geração de emprego imediatamente.
"(É preciso) Criar frentes de trabalho com medidas emergenciais com atenção especial para os jovens, se não, o tráfico vai oferecer a eles a oportunidade de trabalhar com os traficantes; retomar as obras de infraestrutura no País, por serem um instrumento importante de geração de emprego. E as centrais apresentam políticas de amparo ao desempregado, com seguro desemprego, vale-transporte, vale gás", pontuou o petista.