A criação de um plano nacional de segurança foi o principal mote dos pronunciamentos, ontem, no plenário da Assembleia Legislativa. Tanto aliados do governo quanto integrantes da oposição apontaram a necessidade de integração para conter a crescente onda de violência. O deputado Sérgio Aguiar (PDT) frisou que a União deve ter um plano de segurança nacional, no sentido de se combater o crime organizado de forma efetiva. Para ele, não só com ações repressivas se combate a violência, mas também com ações preventivas. “Esse governo tem apostado em ações preventivas, e é com elas que iremos implementar a cultura da paz na nossa juventude e afastarmos os jovens da criminalidade”, comentou.
O pedetista Jeová Mota também considerou que a cobrança por um plano nacional de segurança é no sentido de trazer o Governo Federal para a discussão. “Essas facções atuam em nível nacional, então seria interessante que o Governo atuasse em parceria com os estados e municípios, pois estes ficam sobrecarregados”, pontuou.
Segundo o deputado Ferreira Aragão (PDT), somente as forças policiais estaduais são insuficientes para o enfrentamento de facções de criminosos. Ele lembrou que o governador Camilo Santana cobrou do presidente Michel Temer medidas para conter a escalada da violência, porém não obteve nenhuma resposta positiva. “O problema não é local. Mas até agora, Brasília não enviou nada para o Estado. Era preciso mandar uma força nacional para auxiliar os agentes policiais locais”.
Para o pedetista, sem plano nacional não há saída. Ele lembrou que o governador atende todas as sugestões indicadas pela situação e oposição, mas isso tem sido insuficiente. “O problema é mais em cima. Temos de fazer uma cruzada nacional, criando novas políticas públicas, senão nada será resolvido”.
Bloqueio
Ferreira Aragão recordou que a Assembleia Legislativa chegou a aprovar lei determinando o bloqueio de celulares em presídios, mas a legislação caiu no Supremo Tribunal Federal (STF). “Alegaram que não teríamos competência. Agora foi aprovada uma nova lei em nível nacional”, avisou.
Sobre a questão dos bloqueadores de sinal de celular, o deputado João Jaime (DEM) afirmou que a medida deve ser adotada em âmbito nacional, e não apenas em nível estadual. Conforme observou, qualquer estado que adote esse modelo será enfrentado pelo crime organizado. “Com todos os estados adotando essa medida juntos, essa agressividade das facções será diluída e poderemos combater de forma mais igualitária”, observou.
Prevenção
O deputado Julinho (PDT) citou a necessidade de investimento em políticas de prevenção, voltadas para educação, lazer e cultura. Ele informou, ainda, que o Governo cearense realizou sua primeira licitação internacional para a aquisição de mais de quatro mil armas. “As armas são da mesma empresa que fornece armamento para o Exército dos Estados Unidos, o mais bem equipado do mundo”, salientou.
Contra
Já o deputado Ely Aguiar (PSDC) contestou a tese de que a crise local na área da segurança se deve à falta de recursos federais. “Nunca na história do Ceará, o Estado recebeu tanto dinheiro para investir na segurança pública como nestes últimos anos”, apontou, cobrando “medidas enérgicas” por parte do Governo do Estado para o enfrentamento da violência no Ceará. Segundo ele, o Ceará está experimentando a maior sensação de insegurança de toda a sua história. “Se o governo não adotar medidas enérgicas, a situação tende a piorar”, sugeriu.
Para o parlamentar, o Governo precisa tomar para si a responsabilidade e tem condições de reverter esse quadro. “O que não pode é ficar enxugando gelo quando se trata de segurança pública. O discurso do governo é cansativo, repetitivo”, disse.
Ações
Em contraponto às críticas disparadas contra o Governo Estadual, o deputado Evandro Leitão (PDT), líder do governador Camilo Santana na Assembleia, pontuou ações promovidas pela gestão na segurança pública. Segundo o parlamentar, elas correspondem a uma “visão estratégica de combate à criminalidade”, que tem sido cobrada pelos parlamentares da Casa.
Conforme explicou, as ações partem de uma frente ostensiva, voltada para o combate em curto prazo à violência, e de uma frente social, voltada para prevenção em médio e longo prazo.
O parlamentar citou ainda as 117 escolas profissionalizantes de tempo integral e 71 de ensino médio de tempo integral, que foram entregues no Governo atual. De acordo com Evandro Leitão, até o final de 2018, outras 40 escolas de ensino médio estarão sendo entregues em todo o Estado. “Até o final do mandato, serão 228 escolas de tempo integral entregues em todo o Ceará”, afirmou.
Ele também destacou a construção de 40 areninhas e outras 30 que serão entregues em diversos municípios cearenses. Outra medida envolve as brinquedotecas, entregues em 26 municípios cearenses em 2017.
Além destas ações, o deputado frisou que o Ceará está em dia com seus servidores, e passa por um período de estabilidade econômica, possuindo até alguma capacidade para realizar investimentos. “Isso é consequência de todo um planejamento realizado por uma equipe preparada e que, mesmo com as adversidades, mostra que estamos no caminho certo”, pontuou.