Avaliando o índice de violência no Estado, o deputado Ferreira Gomes (PDT) afirmou, ontem, durante sessão plenária na Assembleia Legislativa, que “não há governador no mundo que evite que um bandido mate o outro”, pois, segundo ele, a maioria dos casos de assassinatos registrados no Estado nos últimos tempos estão relacionadas a briga entre facções criminosas. Para o parlamentar, “95% dos homicídios são resultado do enfrentamento entre as facções criminosas que operam no Ceará, e não há polícia no mundo que evite morte entre bandidos”.
Na última quarta-feira, o Governo divulgou que, ao todo, 377 pessoas foram vítimas de homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, no Ceará, no mês de abril. Essa quantidade é 37,6% maior do que a quantidade de Crimes Violentos Letais Intencionais em abril de 2016.
De acordo com o parlamentar, por conta desse cenário, as críticas às políticas de segurança pública adotadas pelo governador Camilo Santana precisam ser ponderadas. Segundo ele, a explosão do crime organizado se disseminou por todo o Brasil, com ramificações no território nacional, resultando em enfrentamentos na busca do poder e controle do tráfico de drogas.
“Diante disso, como o governador pode evitar que um bandido mate o outro?”, questionou o deputado. Ainda para Ferreira Aragão, políticas eficazes de combate à violência e de fortalecimento do aparato de segurança precisam ser adotadas, e o governo Camilo Santana tem feito isso. “Também precisamos de leis duras e de um presidente da República firme, que comande o País com um serviço de inteligência eficiente, que desarticule essas organizações criminosas”, salientou.
Ferreira Aragão ainda elogiou o projeto de indicação do deputado Tin Gomes (PHS), aprovado na mesma reunião do Colegiado, que trata da criação de delegacia especializada em homicídios ligados ao tráfico de drogas.
“Com essa proposta, fica criada uma delegacia que vai fazer uma intermediação entre a Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (Denarc) e a Divisão de Homicídios, tratando apenas dos crimes relativos à droga, propiciando uma redução das demandas desses órgãos”, defendeu o parlamentar.
Críticas
Já o deputado Roberto Mesquita (PSD) teceu críticas ao Governo nas áreas de saúde, habitação e segurança pública. Na avaliação dele, está havendo desperdício de recursos, já que os resultados esperados não estariam sendo alcançados. Na área de segurança, para o parlamentar, o Governo perdeu a guerra contra o crime, haja vista os índices crescentes de homicídios registrados em abril passado. “O Ceará se tornou o estado mais violento do País, porque as políticas adotadas foram ineficientes”, frisou.
Ely Aguiar (PSDC), por sua vez, comparou o número de morte aos conflitos ocorridos na Síria. afirmou que, em abril, foram registradas 577 mortes, e somente no último final de semana ocorreram 51 assassinatos. “Isso não se vê nem na Síria, que está em guerra civil”, afirmou ele, fazendo referência ao número de mortes ocorridas no mês de abril, conforme dados do Executivo.
Enquanto isso, o deputado Capitão Wagner (PR) lembrou a falta de bloqueio dos celulares nos presídios do Estado porque o Governo não comprou equipamento, como fez o governo do Rio Grande do Norte e de São Paulo. Isso, na avaliação dele, facilita a articulação de facções criminosas.
Defesa
O vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, o deputado Leonardo Pinheiro (PP) lamentou que a retomada no crescimento da taxa de homicídios no Ceará no último mês, mas informou que o Estado tem feito um grande esforço para combater a criminalidade. Já o deputado Dr. Santana (PT) defendeu o aumento do efetivo da Polícia Civil e a descentralização dos aparelhos de grampos Guardião para o interior do Estado.