Citado na Lava Jato, Eunício Oliveira perderia foro privilegiado em caso de derrota na disputa pelo governo do Estado
O presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB), negou ontem que tenha desistido de disputar o governo do Ceará em busca de cargo que o “garanta” foro privilegiado na Justiça. Afirmando que debaterá seu futuro político apenas em 2018, o senador disse que não “voltará atrás” da decisão de votar o fim da prerrogativa de foro no Senado.
A fala ocorre em resposta a reportagem do O Estado de S. Paulo. Segundo o jornal, Eunício teria desistido da disputa pelo governo – mais arriscada – em busca de eleição “mais segura”, como de deputado ou senador - 2018 é seu último ano de mandato. Citado em delações da Odebrecht na Lava Jato, o peemedebista foi alvo de ação da Polícia Federal na semana passada e estaria interessado em manter o caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Destacando que já pautou proposta que prevê fim do foro privilegiado, Eunício se disse “surpreso” com tese de que estaria decidindo seu “futuro político com base na necessidade de manutenção ou não da prerrogativa”. Apesar das falas, o senador não confirma nem desmente diretamente se continuará ou não na disputa no Ceará.
“A política eleitoral só será tratada por mim em 2018, em amplos debates com a participação da população cearense”, disse em nota. Eunício questionou ainda informação do Estadão de que estaria se aproximando do governador Camilo Santana (PT) de olho em 2018. Segundo ele, recentes encontros com governador foram “republicanos” e trataram de assuntos do Estado.
Aliados desmentem
Se Eunício ainda evita comentar a questão, aliados dele na política local negam enfaticamente tese de que ele deixe a disputa no Ceará. “Nunca, não faço ideia de onde tiraram essa questão. Nunca houve nenhum pensamento, conversa neste sentido. Pelo contrário, Eunício saiu muito forte na última eleição”, diz o deputado Danniel Oliveira (PMDB), sobrinho do senador.
Já o ex-vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena (PMDB), afirmou que Eunício continua, “pelo menos até agora” candidato ao governo do Estado. Segundo o empresário, um dos braços direitos do senador no partido, “não existe nada que tenha mudado essa ideia” dentro do PMDB.
Ambos negaram ainda qualquer aproximação com Camilo Santana no Estado. “O fato de o Eunício ter tido conversas com o governador em Brasília é que ele está preocupado com os interesses do Ceará”, disse Gaudêncio.
“O fato de o Eunício estar liberando recursos para o Estado, principalmente na questão de abastecimento, é questão de obrigação dele como senador”, corrobora Danniel.
Durante todo o dia de ontem, O POVO tentou entrar em contato com Eunício para comentar o caso. Apesar das negativas, o senador não se manifestou pessoalmente.
Pré-candidatos da oposição
Tasso Jereissati (PSDB). Ex-governador e senador, é hoje um dos nomes que mais cresce dentro da oposição de olho na disputa. O próprio tucano, no entanto, tem negado interesse de entrar na disputa pelo governo do Ceará.
Danniel Oliveira (PMDB). Sobrinho de Eunício Oliveira e deputado estadual, é frequentemente lembrado pelo presidente do Congresso Nacional como possível candidato para disputar cargos do Executivo no Estado.
Capitão Wagner (PR). Segundo lugar na eleição pela Prefeitura de Fortaleza em 2016, não tem negado interesse em voltar a disputar pelo Executivo. Atualmente, é nome com maior “recall” de urnas entre bloco da oposição PMDB/PSDB/PR.
Domingos Filho. Apesar de ser o atual presidente do TCM, uma possível candidatura sua ao governo ainda é motivo de especulação entre a oposição. Atualmente, sua família controla PSD e PMB no Ceará.
Saiba mais
Após a notícia de que Eunício teria deixado a disputa pelo governo do Ceará, aumentaram as especulações em torno de uma possível candidatura do senador Tasso Jereissati (PSDB) para o cargo.
O Blog Fábio Campos, do O POVO, destacou que o ex-governador já vem recebendo abordagens para que leve o projeto em consideração no próximo pleito. O próprio Tasso, no entanto, tem negado interesse na disputa e defendido “renovação”.
CARLOS MAZZA