No início da atual Legislatura, Evandro Leitão teve dificuldades para controlar os aliados, e o Governo amargou derrotas no Plenário 13 de Maio
( Foto: José Leomar )
Com uma base governista mais robusta, o líder do Governo na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Evandro Leitão (PDT), poderá ter mais trabalho para manter os aliados do governador Camilo Santana (PT) unidos a partir de fevereiro próximo, quando a Casa retoma os trabalhos após o recesso parlamentar. Isso porque alguns dos que agora fazem parte da bancada de apoio à gestão até pouco tempo estavam na oposição, e tendem a ter posicionamento mais independente.
No entanto, o parlamentar, em entrevista ao Diário do Nordeste, destacou que buscará mais diálogo e proximidade com todos a fim de manter unidade entre os 34 deputados que atualmente apoiam o Governo Camilo. Há, ainda, um impasse quanto ao posicionamento a ser tomado por Sérgio Aguiar (PDT), que depois da disputa pela Presidência da Casa, em dezembro de 2016, disse que iria manter-se independente no Legislativo.
Apesar de ter ganhado quatro nomes na base, sendo um do DEM e três do PMDB, o Governo perdeu Odilon Aguiar (PSD), que até novembro do ano passado fazia parte da administração pública, e corre o risco de ficar sem Sérgio Aguiar. Atualmente, a bancada de oposição soma 11 parlamentares na Casa.
Aliados
Durante o mês de janeiro, Aguiar, segundo informou, tem percorrido municípios do Interior para conversar com prefeitos e lideranças locais em busca de fortalecer os laços com aliados. Ele afirmou que, por enquanto, segue com postura de independência e não faz parte da base de apoio ou da oposição ao governador Camilo Santana.
Desde a disputa para a presidência do Legislativo, o pedetista não tem encontrado com os irmãos Ferreira Gomes, líderes políticos do grupo do qual faz parte. "Só tenho conversado com meus pares, orientando-os e conversando com grupos políticos que foram para a oposição", declarou Sérgio Aguiar.
Por outro lado, a base governista passou a ter ao seu lado nomes com expressividade na Casa, como João Jaime (DEM), Tomaz Holanda (PMDB), Agenor Neto (PMDB) e Audic Mota (PMDB). Atrair para seu lado parlamentares da sigla peemedebista garantirá um fôlego a mais ao Governo Camilo, visto que o partido tinha, até o fim de 2016, a maior bancada de oposição no Legislativo Estadual, inclusive com atuação firme de Audic e Agenor, que em quase todos os seus pronunciamentos na Casa apontavam "erros" da gestão.
Como Audic Mota passará a ser primeiro-secretário da Mesa Diretora, sua participação nos trabalhos do dia a dia tende a diminuir, o que também deve ocorrer com Agenor Neto, que na eleição apoiou o nome de Zezinho Albuquerque (PDT), eleito para mais uma mandato na Presidência da Assembleia. Com isso, os principais nomes de oposição passam a ser Roberto Mesquita (PSD), Odilon Aguiar e Silvana Oliveira (PMDB), além de Renato Roseno (PSOL).
Já a base governista passa a ficar bem mais numerosa, com capacidade de dar vitórias ao Governo em todas as votações da Casa. Com a saída de Julinho (PDT) da vice-liderança do Governo para assumir um cargo na Mesa Diretora (ele ocupará a terceira-secretaria), o nome que deve ser indicado para ajudar Evandro Leitão e Leonardo Pinheiro (PP) na liderança é o do deputado Joaquim Noronha (PRP), que esteve na composição da Mesa Diretora nos dois primeiros anos da atual Legislatura.
Proximidade
Isso, porém, deve ser discutido entre o governador Camilo Santana e a liderança na Assembleia após o recesso parlamentar. Evandro Leitão sustenta que a melhor maneira de atuar junto à base aliada é dialogando, mantendo uma relação que seja transparente. "Muitas vezes, não temos condições de atender a um pedido, e a forma como a gente fala, às vezes, pode soar estranha. Por isso a gente precisa ter uma relação próxima, saudável, de confiança".
No início da atual Legislatura, o pedetista teve dificuldades para controlar os aliados, as quais resultaram, inclusive, em derrotas em votações no Plenário 13 de Maio. A dispersão foi contornada, principalmente, com a criação da função de secretário de Relações Institucionais, com Nelson Martins à frente, fazendo a interligação entre Assembleia e Palácio da Abolição.
Sobre o posicionamento de Sérgio Aguiar, Leitão destacou que já ouviu declarações do colega de que vai retornar à base do Governo após consultar seus liderados, o que deve ocorrer no retorno dos trabalhos legislativos. "Podemos notar que, depois do que ocorreu na disputa pela Mesa, o Sérgio sempre votou com a gente, menos na questão da extinção do TCM. Não teremos maiores problemas com ele, porque os ânimos estarão mais controlados", minimizou.
Ao tratar de Odilon Aguiar, no entanto, o pedetista reconheceu que o parlamentar do PSD já se posicionou como oposição e que suas ações recentes demonstram isso. Evandro ainda frisou que, por enquanto, os atuais 34 nomes que compõem a base aliada já são de bom tamanho para a manutenção da base e que, até o momento, não há diálogo com outro parlamentar de oposição para aderir ao arco de alianças de Camilo. "Na política nada é fechado, claro, porque a dinâmica é muito grande, mas posso dizer que estes que estão com a gente são a base do Governo".