Os dois grupos políticos que reúnem todos os governantes do Ceará nos últimos 30 anos têm o que comemorar na eleição em Fortaleza. Com a reeleição de Roberto Cláudio (PDT), Fortaleza passa a ser a maior capital brasileira governada pela oposição ao governo Michel Temer (PMDB). O resultado foi crucial para a perspectiva do grupo Ferreira Gomes de sustentar o poder estadual, que já controla há dez anos. E também para a intenção dos pedetistas cearenses de disputar a Presidência da em 2018, com Ciro Gomes.
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Porém, a eleição também consolidou a aliança de oposição local, entre Tasso Jereissati (PSDB), Eunício Oliveira (PMDB) e Capitão Wagner (PR). Essa coalizão reúne os principais apoiadores de Temer no Estado. E vê no desempenho de Wagner, considerado por Tasso “bastante expressivo”, o prenúncio do que pode ser a derrota dos Ferreira Gomes no Governo do Estado em 2018.
“Sem dúvida, acho que a perspectiva é essa. Esse bloco PDT/PT está sendo excluído no Brasil inteiro, pela enorme decepção, pelos estragos, pela incompetência, pela visão equivocada. E chegou a hora de o Ceará também encontrar seu novo rumo. O Ceará está parado. Há muito tempo parado”, disse ontem Tasso Jereissati.
“Esta aliança (PMDB-PSDB-PR) foi constituída em 2014 em outra base, não na base do interesse e do dinheiro. Foi constituída por aqueles que desejam uma política diferente. Que não concordam com o que fizeram aqui no Ceará. Com a megalomania. Esqueceram saúde, educação, abastecimento de água”, criticou Eunício Oliveira.
Do outro lado, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que a perspectiva de enfrentar esse grupo na eleição estadual de 2018 não assusta. “Pelo contrário. Gostaria muito de enfrentá-los e ser responsável por redimir o Brasil dessa quadrilha. Excepcionalizando o Tasso, que não considero quadrilheiro, o resto é quadrilha”.
“Isso para mim é a velha política”, disse o ex-governador Cid Gomes (PDT) sobre os adversários. “Essas figuras têm na política meio de, primeiro, manter e aumentar poder econômico. E não têm ética, não têm o mínimo de escrúpulos e fazem qualquer coisa para ganhar eleição. Penso que os fins não justificam os meios. Os meios devem obedecer a ética, obedecer a moral. Coisa que falta nesse grupo aí”.
“Não é questão das pessoas. É o projeto que eles representam e que nós temos contradições, em nível de Brasil, de Ceará e de Fortaleza”, disse o governador Camilo Santana (PT).
Cid Gomes considera que o Brasil vive momento de perplexidade e que a capital cearense poderá ser polo de resistência. “Há um esforço pensado pelo grande poder econômico de negar a política. É a forma que eles têm de dominar sem oposição. E acho que Fortaleza vai ser um contraponto importante nisso”, disse Cid.
Presidência
Segundo o presidente estadual do PDT, André Figueiredo, o partido traçou três objetivos para estas eleições no Ceará, com vistas a construir o alicerce para o projeto de lançar Ciro a presidente em 2018. Um era ter o maior número de prefeituras no Estado. O outro, manter a Prefeitura de Sobral. E o último, manter Fortaleza. Os três foram alcançados.
“Evidentemente que uma inimaginável derrota aqui me tiraria muito o estímulo de seguir na luta. Porque se o melhor prefeito da história desta cidade perde para uma samango desqualificado, a gente deixaria de crer”, disse Ciro.
Figueiredo lembra, na perspectiva de 2018 no Estado, a potencial candidatura presidencial de Ciro ajudaria muito as candidaturas aliadas. “Acredito que o Ciro tenha uns 60% dos votos no Estado”.