Deputado federal Adail Carneiro foi novamente destituído do comando do PP no Ceará. Deputado tinha acenado à oposição
FOTO:ANTÔNIO AUGUSTO/ CÂMARA DOS DEPUTADOS
ANTÔNIO AUGUSTO/ CÂMARA DOS DEPUTADOS
ANTÔNIO AUGUSTO/ CÂMARA DOS DEPUTADOS
Depois de muitas idas e vindas judiciais, o PP no Ceará volta ao comando do ex-deputado federal Padre Zé Linhares. A partir de determinação da juíza Maria Valdenisa de Sousa, da 11ª Vara Cível de Fortaleza, a presidência da legenda saiu, mais uma vez, das mãos do deputado Adail Carneiro, que já anunciou que não irá recorrer da decisão.
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Com isso, o partido assegura aliança à chapa do atual prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT). De acordo com Adail Carneiro, o embate judicial demonstra o receio do atua prefeito e seus aliados de perderem o apoio do PP, hoje quarta maior bancada na Câmara Federal.
“O tempo de televisão do PP dentro da propaganda partidária de Roberto Cláudio representa entre 25% e 30% do total. Por isso, essa preocupação toda em ter o PP na coligação, porque o partido é relevante. Vejo isso como algo natural”, afirma o deputado.
Antes disso, em entrevista ao O POVO, Adail havia admitido conversas com outros pré-candidatos em Fortaleza. Ele deteve a presidência do partido apenas por três dias na última semana, a partir de outra decisão judicial.
Nesse pouco tempo, ele cogitou apoiar adversários de Roberto Cláudio, que é aliado da maioria de seus correligionários. “Não vou mais atrás disso (reaver o comando da legenda). Acho algo natural. Mas, desde a votação do impeachment (de Dilma na Câmara dos Deputados), houve afastamento dos companheiros de partido. Já questionavam minha nomeação à presidência do PP desde o começo, em abril”, relata.
O parlamentar votou a favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) na sessão da Câmara, em abril. A posição dele foi contrária à que havia prometido a seu grupo político no Estado, que inclui o governador Camilo Santana (PT).
O deputado esclarece que jamais teve a intenção de barrar a candidatura ou o apoio a Roberto Cláudio nas eleições deste ano, mas se manteve aberto para negociar com outros partidos.
Nacionalmente, o PP e o PDT estão em lados opostos, com o primeiro integrando a base do presidente em exercício Michel Temer, do PMDB, sigla que pertence à aliança que se formou em torno do deputado estadual Capitão Wagner (PR) à Prefeitura.
Decisão da Justiça
Nos autos, a juíza que determinou o afastamento de Adail da presidência do PP destaca que Padre Zé já comandava o o partido no Ceará há “mais de 20 anos”, enquanto Adail, até há pouco tempo, era filiado a outras siglas.
Ela diz ainda que o deputado foi “agraciado” com o comando da legenda após votar pelo impeachment de Dilma, o que poderia dar rumos “desatinados” – sem juízo – ao PP cearense.
Adail foi nomeado presidente provisório logo após ter votado pelo afastamento de Dilma, conforme orientou o diretório nacional do PP. Ele assumiu o comando em abril, mas em maio foi afastado. Somente na última sexta-feira, 22, a desembargadora Vera Correa devolveu-lhe a presidência do PP. (colaborou Carlos Mazza)
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Sem diálogo com RC
Em entrevista ao O POVO no último fim de semana, enquanto ainda era presidente do PP no Ceará, o deputado federal Adail Carneiro chegou a se queixar de que o prefeito Roberto Cláudio (PDT) ainda não o havia procurado para discutir sobre as eleições deste ano.
“Todos esses pré-candidatos estão conversando comigo, menos o prefeito. Não sei por quê. Não faço a menor ideia , não tenho nem como dar sugestões da razão pela qual ele não me procura”, afirmou Adail Carneiro.
Com 47 deputados federais, o PP tem a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados, atrás apenas de PMDB, PT e PSDB.
O deputado estadual Capitão Wagner (PR), pré-candidato à Prefeitura, confirmou conversa com Adail Carneiro sobre possibilidade de apoio a seu nome para a disputa. Conversa deu-se antes de decisão da Justiça.