Antes só acusavam a Prefeitura os deputados Fernando Hugo e Carlomano, agora foi o pedetista Heitor Férrer
A superlotação em unidades de saúde da Capital cearense, a falta de médicos e o fechamento de um posto de saúde por falta de estrutura física, chamou a atenção dos deputado estaduais. As críticas foram dirigidas à administração de Fortaleza. Para o deputado Heitor Férrer (PDT), que exibiu fotografias feitas no seu próprio celular, falta atenção da Prefeitura para com o setor da saúde que poderia contar com mais profissionais e melhor estrutura dos seus prédios.
O que mais chamou atenção do deputado, segundo relatou, foi o fechamento do posto de saúde Hélio Góis, localizado no bairro Seis Bocas, onde ele trabalhou por muito anos, como médico do Município. Conforme o parlamentar, a unidade cerrou as suas portas devido a um problema na caixa d´água, o que considera ser algo "inimaginável". "Fotografei o motivo do fechamento do posto. É inacreditável um posto que atende a toda uma coletividade estar fechado porque deu problema na caixa d´água", admirou-se.
O parlamentar diz ser comum ocorrer problemas em caixa d´água, mas acredita que isso não é motivo para fechar uma unidade de saúde no momento em que a cidade está enfrentando um quadro de dengue que considera como epidêmico. "As unidades de saúde pública deveriam estar sendo reforçadas com mais médicos, enfermeiras, mais auxiliares de enfermagem e agentes de saúde", sugeriu.
Padrão
Heitor Férrer disse que trabalhou no posto de saúde Hélio Góis e o considerava como unidade padrão, por isso não admite que ele esteja fechado por um problema "perfeitamente sanável". "Custa a administração mandar consertar a caixa d´água? Vê a cisterna?", questionou o pedetista.
Para o parlamentar, é inaceitável a população ficar sem atendimento médico devido a um problema fácil de ser sanado. Segundo ele, apenas 12% dos fortalezenses possuem plano de saúde, enquanto 88% necessitam do atendimento público. "Fechar uma unidade de saúde porque deu um problema na caixa d´água isto é para mim, um certificado de ineficiência administrativa de falta de compromisso com a população que precisa de atendimento médico", opinou.
Superlota
O parlamentar destacou ainda manchete de ontem, do Diário do Nordeste informando que a falta de médicos superlota hospitais e postos de saúde. Segundo o parlamentar, no posto de saúde Carlos Ribeiro, está anotado na parede que atendimento para casos de virosos e suspeita de dengues só é feito no período da manhã. "Considero isso uma tragédia para a saúde pública do município. Isso é inaceitável", concluiu.
Para o deputado Carlomano Marques (PMDB), muito mais criminosos do que fechar um posto de saúde é a consequência que esse ato provoca a lotação nos hospitais de médio e grande porte. "Vai tirar a oportunidade dos grandes hospitais de fazerem a contrapartida na justa conta do que a sociedade merece. Isso é doloroso, perverso, duro", considerou o peemedebista um dos que mais têm criticado a Prefeitura de Fortaleza, nos últimos dias.
Carlomano e o deputado Fernando Hugo, crítica do Governo de Luizianne desde o início da administração da petista, diariamente estão na tribuna da Assembleia reclamando dos serviços da Prefeitura, tanto em relação à saúde quanto à educação, no caso das creches e outros.
O deputado Leonardo Pinheiro (PSD), também médico, alega que se as prefeituras investissem na saúde primária, que é dever da gestão municipal, a saúde terciária não estaria estrangulada. O parlamentar admite que investimento em saúde é caro, mas afirma que ações preventivas são baratas.
Para o deputado Antonio Carlos (PT), líder do Governo na Casa e o petista mais aliado à prefeita Luizianne, na Assembleia, as críticas em relação à saúde no Município "são desespero da oposição", devido a proximidade do pleito que elegerá o novo prefeito de Fortaleza. Antes ele havia destacado a atuação da prefeita, sobre as obras anunciadas no dia anterior.
Vereadores repercutem as falhas em sessão da Câmara
A situação do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) em Fortaleza foi novamente tema de acalorados debates na Câmara Municipal. Na manhã de ontem, diversos parlamentares da oposição voltaram a cobrar do Executivo municipal a contratação imediata de novos profissionais de saúde para a Capital, além de maiores investimentos em infraestrutura de hospitais e postos médicos do município.
O vereador Ciro Albuquerque (PTC), membro da oposição que vem tecendo críticas recorrentes ao SUS na Capital, cobrou mais ação da Prefeitura no sentido de ampliar e garantir recursos para o atendimento público de saúde em Fortaleza. Segundo o petecista, a atual política empregada pela secretária municipal de Saúde, Ana Maria Fontenele, vem sendo "estéril" no tratamento dessas questões.
Credibilidade
"A Secretaria Municipal de Saúde já perdeu toda a credibilidade com a classe médica. Além dos baixos salários e dos problemas nos pagamentos, os médicos e enfermeiros da Capital estão também trabalhando sem as mínimas condições de infraestrutura e sem medicamentos suficientes para suprir toda a demanda".
O parlamentar também destaca a invasão do Gonzaguinha da Barra do Ceará, promovida pela população no último domingo, em protesto pelas atuais condições de atendimento médico.
A visita de Ana Maria Fontenele, realizada na última terça-feira à Câmara, foi outro assunto alvo de críticas da oposição. A passagem da gestora teria sido "orquestrada" pela base aliada, pois nenhum opositor teria sido sequer notificado da presença de Ana Maria na Casa.
"Foi uma visita inútil. Ela veio, mas não resolveu nada, nem trouxe nenhuma proposta de solução para os problemas dos fortalezenses. Foi uma total perda de tempo", avalia Ciro Albuquerque, em pronunciamento que foi corroborado pelo líder da oposição na Casa, vereador Plácido Filho (PDT).
O líder da prefeita, vereador Ronivaldo Maia (PT), rebateu as críticas dos vereadores quanto à produtividade da passagem de Ana Maria Fontenele na Casa. Ronivaldo destaca que a presença da secretária na Casa foi importante para que os parlamentares tomassem conhecimento dos projetos atualmente em desenvolvimento pela Secretaria Municipal de Saúde em Fortaleza.
"Essa afirmação de que ela não falou nada me causa até certa estranheza. Ninguém fala durante mais de duas horas e meia sem falar nada. Isso é subestimar a inteligência dos vereadores e dos cidadãos que acompanharam o debate", declarou. Além disso, Ronivaldo destacou o investimento de mais de R$ 26 milhões promovido pela gestão Luizianne Lins (PT) na manutenção e ampliação do atendimento médico nos Gonzaguinhas.