A migração do grupo Ferreira Gomes para o PDT tem como principal “motivação” viabilizar a candidatura do ex-ministro e ex-governador, Ciro Gomes, à Presidência da República, em 2018. Ao passar, ontem, na Assembleia Legislativa, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, deixou claro que, fortalecendo a musculatura do PDT em nível estadual e federal, um cearense, no caso Ciro Gomes, tem mais perspectiva de ser candidato à eleição presidencial, no próximo ano. A mudança do Pros para o PDT, viabiliza, ainda, a própria candidatura de RC pelo partido, na disputa pela Prefeitura de Fortaleza. A reunião das lideranças cidistas, que contou com a presença de todos os deputados federais, estaduais, prefeitos e ex-prefeitos ainda filiados ao Pros, no último dia 17, no Hotel Romanos, no bairro Messejana, repercutiu, ontem, nos bastidores da Assembleia Legislativa.
“Porque o PDT fortalecido no Ceará, na sua presidência, naturalmente, se fortalece a perspectiva de um cearense, o Ciro, se candidatar pelo partido, à presidência da República. Acho que essa deve ser a grande motivação, o grande mote, a mudança, se isso se consolidar”, afirmou à imprensa, o prefeito Roberto Cláudio.
Segundo ainda RC, o encaminhamento parcial, sinalizado na última reunião, “sem nenhuma voz destoante”, é que o grupo, de fato, migre para o Partido Democrático Trabalhista. “É o caminho que melhor representa o nosso pensamento e que guarda coerência com os nossos valores, com o lado político em que nós estamos e com quem já nutrimos relações pessoais e política de afinidade, que é o PDT”, defendeu.
Impasse
Conforme o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Albuquerque, o impasse que faz com que o grupo ainda não reverbere sobre a decisão de mudança ou não de legenda é de como o PDT se “acomodará” com a expressiva filiação de novos correligionários, que carrega líderes de peso, o que pode, em alguns municípios, criar conflito com atuais gestores que são do PDT.
“Há vários municípios em que os prefeitos são do PDT. Por exemplo, em Aracati, é o Bismark Maia, ex-secretário de Cid. Não é justo que o prefeito que está lá há muito anos [seja prejudicado, com a chegada de novos líderes]. Temos que acomodar o Bismark, conversar com outros partidos, para resolver essas questões”, frisou Zezinho, salientando que “tem que ter muito diálogo, para que as pessoas não saiam magoadas ou se sintam desprestigiadas”.
Próxima reunião
O parlamentar também assegurou que a maioria das lideranças no interior no Estado, já decidiu pela filiação ao PDT. “Vamos discutir até o dia 28, onde vai haver uma reunião aqui, na Assembleia Legislativa, sobre como o PDT irá se acomodar. É um partido que existe no Ceará há muito anos, e esse grupo liderado pelo ex-governador Cid Gomes, é muito grande e está presente nos 184 municípios. Temos que prezar pela adaptação do PDT”, pontuou o presidente, salientando que há o diálogo para que o Pros não fique esvaziado.
Heitor Férrer aguarda filiação de grupo cidista para tomar decisão
O deputado Heitor Férrer, adversário político dos irmãos Ferreira Gomes, que já havia adiantado à imprensa que, caso o grupo migre para o PDT, deixará o partido, sinalizou que vai aguardar o decorrer dos fatos para tomar qualquer iniciativa. “É mais um capítulo do ingresso ou não do grupo dos Ferreira Gomes no PDT. Há um indício muito forte da vinda deles, o próprio Ciro Gomes já anuncia isso, mas, para mim está muito claro que eles vêm, embora, a concretização desse ato se faz com a filiação partidária. Contudo, a política é como as nuvens do céu, que mudam a cada segundo, eu vou esperar que se concretize”, respondeu.
Ao analisar a possível mudança do grupo, Heitor ponderou que entende que cada grupo ou partido, se conduz no sentido de galgar o poder, e a manifestação do grupo dos Ferreira Gomes, no sentido de se filiar ao Partido Democrático Trabalhista, é medida e pesada.
“Eles fazem isso, no sentido de galgar mais fácil a estrada do poder, alguns têm a preocupação do constrangimento que nos causa, porque, quem teve 272 mil votos, disputando com a máquina mínima como disputei, enganados que fomos e traídos pela pesquisa eleitoral e chegarmos ao terceiro lugar, com a diferença de 29 mil votos, isso deve se respeitar e prezar”, finalizou.