O deputado Carlomano Marques (PMDB) defendeu, ontem, na Assembleia Legislativa uma candidatura própria do partido para a Prefeitura de Fortaleza ao passo em que teceu duras críticas à gestão da petista Luizianne Lins. O parlamentar cobrou, principalmente, a implantação de 80 creches que seriam financiadas pelo Ministério da Educação, mas que não teriam sido viabilizadas apenas pela falta de rendição do terreno do município para a construção. Carlomano afirmou que Fortaleza só atende a 10% das crianças que necessitam dessas unidades escolares, e que seriam necessárias mais 200 creches para atender a demanda atual. “Esta gestão só pode ter um ‘fastio administrativo’ porque a prefeita construiu apenas 16 das 80 unidades oferecidas pelo governo federal, rejeitando as demais”. A mesma explicação foi exigida na Câmara Municipal de Fortaleza, na última segunda-feira, pelo vereador Salmito Filho (PSB). Acerca da possibilidade de romper a aliança com o PT nas próximas eleições, o peemedebista fez referências à nota veiculada ontem no jornal O Estado – “O PMDB tem compromisso com Fortaleza” - de autoria dele e do deputado federal Danilo Forte que reforça as censuras à Prefeitura, ao mesmo tempo em que sugere o nome do parlamentar Danilo Forte como candidato. Ele afirmou que Fortaleza vive dos espólios da gestão do ex-prefeito Juraci Magalhães. “Essa prefeita não fez absolutamente nada do que disse que ia fazer.” Segundo o parlamentar, Luizianne Lins teria lhe oferecido 1.000 empregos: “Mas o PMDB não entra em esquemão, pois temos uma responsabilidade grande e uma história com a cidade de Fortaleza.” Na nota, o partido faz críticas à “falta de apetite para governar” da prefeita, e que Luizianne não teria “competência gerencial”. “Com saúde e educação precárias, sem políticas de desenvolvimento e expansão urbana, a cidade sofre com problemas de trânsito, transporte público, moradia, degradação ambiental, uso e ocupação irregulares dos espaços que deveriam ser públicos”, finaliza a publicação. “O PMDB tem possibilidades reais de virar esse jogo. Acima dos interesses pessoais e das alianças eleitoreiras devem estar nosso compromisso com Fortaleza e com seus moradores”, diz o texto. GestãoDanilo Forte, por sua vez, disse, em entrevista à imprensa na AL, que Fortaleza passa por um problema de gestão. “Todos os indicadores, em todas as áreas, deixam a desejar”, disse o peemedebista. “Temos uma saúde pública sucateada, temos uma das piores níveis de educação fundamental do Estado, temos uma cidade totalmente engarrafada, enfim, Fortaleza vive uma crise gerencial”. O deputado federal também salientou a história do partido com a Cidade. “O PMDB tem uma história de cumplicidade com Fortaleza. Foram 20 anos ininterruptos governando para o crescimento desta Cidade. Temos a obrigação de apresentar um projeto para Fortaleza, não podemos nos acovardar”. Ao responder às críticas, o deputado estadual Antonio Carlos (PT) apresentou as ações da atual administração, em especial nas áreas de lazer, esporte e mobilidade urbana, e rebateu que o ex-prefeito Juraci Magalhães causou um rombo nos cofres públicos. Apesar da troca de acusações, o petista se mostrou favorável à manutenção da aliança entre os dois partidos durante as eleições municipais: “O debate de ter ou não uma candidatura própria é legítimo, mas não permitiremos a desqualificação de uma gestão exitosa do PT e de seus aliados em Fortaleza, dentre eles o próprio PMDB.”Ele questionou ainda se a nota publicada era de autoria da direção do PMDB ou apenas dos deputados Carlomano Marques e Danilo Forte: “Se for possível agregar todas as nossas forças num mesmo palanque, estaremos juntos. Mas, para vender o meu peixe eu não preciso salgar o dos outros.” CMFNa Câmara Municipal, os parlamentares aprovaram a realização de uma audiência pública, de autoria da vereadora Eliana Gomes (PCdoB), para debater o assunto, sobretudo a não utilização dos recursos disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC). Também foi aprovado requerimento solicitando informações da Secretaria Municipal de Educação sobre a temática. Salmito Filho (PSB), autor da proposta, informou que aguardará as informações.Na semana passada, Salmito informou que o Governo Federal disponibilizou recursos para construção e manutenção de 80 creches em Fortaleza, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, tão-somente, exigindo como contrapartida da Prefeitura, a rendição de terrenos para as construções das unidades escolares. Porém, o Executivo apenas tinha solicitado 18 escolas primárias, enquanto que a demanda da Capital requer a implementação de, pelo menos, 100 novas unidades. Para Paulo Gomes (PMDB), as creches municipais têm problemas em suas bases e, portanto, não será resolvido imediatamente. (com informações de Caroline Avendaño e Laura Raquel, da Redação).