O presidente PT Ceará, De Assis Diniz, diz que é especulação a possibilidade de Camilo Santana trocar de partido para seguir os passos de Cid
FOTO: LUCAS DE MENEZES
Governador eleito pelo PT, Camilo Santana começará a nova gestão a partir de 1º de janeiro de 2015 tendo de acomodar interesses de aproximadamente 20 partidos que deram sustentação à sua candidatura, sendo Cid Ferreira Gomes o maior fiador do mandato do petista. Mesmo afirmando que estão otimistas com o novo governo, dirigentes e lideranças do PT do Ceará admitem que ainda não foram convidados para se reunir com o próximo governador e evitam falar sobre divergências internas. Camilo Santana é filiado ao PT há 13 anos e integra a ala do partido mais próxima a Cid Gomes. Na campanha eleitoral, a predominância da cor amarela nas atividades do petista, em vez do tradicional vermelho usado pelo PT, gerou desconforto em alguns setores da legenda. Entretanto, lideranças e dirigentes da sigla rechaçam a possibilidade de Camilo mudar de partido.“Não concordo com a posição de que a campanha (do Camilo) não teve a cara do PT, teve presente o amarelo, mas também o vermelho. A partir da articulação do partido, avermelhamos a campanha, principalmente no segundo turno”, defende a deputada estadual Rachel Marques, que não conseguiu se reeleger. A parlamentar diz acreditar que as expectativas para a próxima gestão são “as melhores possíveis” e aponta que cabe ao próximo governador dialogar com as demais legendas da coligação. “O governo é do PT - isso está acima de qualquer outra coisa - e ele vai saber liderar toda a aliança. Temos respeito, porque o governo foi eleito a partir dessas forças”, ressalta. Agenda Rachel Marques alega que , após a eleição, o PT só esteve reunido com o governador eleito na agenda em que Camilo recebeu todos os dirigentes das legendas que apoiaram a sua candidatura. A deputada nega que haja articulação para que Camilo deixe o PT. “Nunca cogitei nem vi ninguém fazer nenhum comentário como esse. Acho interessante a iniciativa do governador de fazer uma frente de partidos para fortalecer a base de apoio do governo Dilma, mas não considero que isso possa acontecer”, destaca, referindo-se à declaração de Cid Gomes sobre a possibilidade de fusão de partidos para fazer frente ao PMDB no Congresso. O presidente estadual do PT, De Assis Diniz, diz que ainda não houve uma reunião entre Camilo e lideranças do partido, mas, segundo ele, ocorreu “uma série de conversas internas”. O dirigente explica que a legenda fará encontros para traçar um balanço dos resultados do pleito no Ceará e em âmbito nacional. “A nossa prioridade é construir as políticas do partido para executá-las no espaço do parlamento ou do governo. Precisamos tratar da bancada estadual do PT - tivemos um prejuízo de parlamentares importantes para nós - e buscar uma linha, se vai fortalecer as bancadas, ocupar as secretarias. O governador eleito ainda não tratou sobre isso”, detalhou, chamando de “especulação da especulação” a possibilidade de Camilo deixar o PT para seguir os passos de Cid. Espaço no governo Questionado se o PT pode perder espaço para o PROS na composição do governo, o vereador Acrísio Sena afirma que os dois partidos devem ocupar o mesmo staff na próxima gestão. “Ambos terão papel de destaque na nova administração, serão duas pilastras de sustentação. Mas não acho que é um governo que se restringe aos dois partidos, essa premissa tem que ser respeitada coletivamente”, opina. O PT caiu de cinco para dois deputados estaduais no Ceará, enquanto o PROS elegeu 12 nomes. Para o vereador, não é o momento de retomar discussões sobre os conflitos internos do PT, como o fato de lideranças ligadas à ex-prefeita Luizianne Lins não terem apoiado a candidatura de Camilo. “A disposição do Camilo é dialogar com o PT em sua totalidade, ele tem projeções de fazer um bom governo, não há a perspectiva de retomar essas pendências que para nós já estão superadas”, justifica. O deputado Dedé Teixeira, que ficou sem vaga na Assembleia Legislativa em 2015, garante que Camilo adotará o diálogo com as siglas aliadas. Ele informa que o partido participará de dois seminários - com as legendas aliadas - para concluir o plano de governo. “A missão do partido será importante no debate para a formação de governo”. O Diário do Nordeste tentou entrevistar a ex-prefeita e deputada federal eleita, Luizianne Lins, para que ela comentasse a posição que adotará em relação à gestão de Camilo, mas nem a petista nem sua assessoria de imprensa atenderam as ligações.