Após as eleições, as discussões sobre a reforma política continuam norteando os debates na Assembleia Legislativa. Durante sessão ordinária de ontem, parlamentares apresentaram seus posicionamentos sobre as propostas debatidas até então e, mais uma vez, reclamaram da demora para aprovação do projeto.
Lula Morais (PCdoB) voltou a destacar que muitos congressistas são milionários e não têm interesse em avançar no tema. Ele lembrou que duas propostas para discussão popular foram colocadas em questão, como o plebiscito e o referendo. O parlamentar diz apoiar a primeira ideia por acreditar que terá uma maior participação da população na elaboração da reforma.
"Nós precisamos ouvir a população sobre o assunto. Eu penso e defendo que o povo precisa participar. Foi por isso que, em junho de 2013, milhões de pessoas foram às ruas, pedindo participação e transparência", apontou Lula Morais.
Já Ely Aguiar (PSDC) afirmou que já existe participação da população quando ela indica o seu candidato para assumir um mandato parlamentar nas casas legislativas. Na opinião de Aguiar, a forma de representação atual nas casas legislativas é a mais democrática possível.
"O que me incomoda é a fragilidade da lei. Nós temos a Lei do Ficha Limpa, que, se fosse aplicada com rigor, não teríamos o samba do crioulo doido. Em 2012, foram mais de R$ 400 milhões nas eleições e temos uma disputa desleal", reclamou.
Voto distrital
O deputado Carlomano Marques (PMDB) defendeu o voto distrital e se posicionou contrário ao financiamento público de campanha. O parlamentar acusou os políticos de montar novos partidos apenas para negociar, sem ideologia. "É toda sopa de letras e, se juntar três ou quatro letras, você tem um partido", criticou o peemedebista.
Carlomano afirmou que o povo é "um juiz leigo" e não se aprofunda nas decisões, o que pode causar erros futuros com a decisão da população. "A consulta popular tem que ter alguns parâmetros, porque o povo é leigo no modo de julgar", apontou.
Lula Morais ponderou que, antes da realização do plebiscito, haveria um debate nacional com defesa de posicionamentos na televisão e no rádio para que a população tenha consciência coletiva antes de tomar a decisão. "Não estamos relegando a representatividade do parlamentar. Eu não me sinto derrotado pelo povo nas urnas, mas pelo mecanismo de campanha político e eleitoral", afirmou o deputado, que não conseguiu se reeleger.