A DESMORALIZAÇÃO DAS HOMENAGENSNos anos eleitorais, desde a eleição de 2010, as casas legislativas têm sido palco de homenagens diversas despejadas sobre os aliados de vereadores. É uma estratégia meio malandra de ganhar visibilidade na pré-campanha.
Hoje, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) recebe a medalha Boticário Ferreira. Ontem, foi Tin Gomes (PHS), que foi vice de Luizianne na Prefeitura até virar deputado estadual. Na semana passada, foi condecorado Ciro Gomes (Pros).
Na segunda-feira, o presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (Pros), pré-candidato a governador, recebeu título de cidadão de Fortaleza. A homenagem havia sido aprovada há mais de cinco anos. O deputado mora e trabalha em Fortaleza. Mas a ocasião oportuna para dar visibilidade a ele foi agora, na pré-campanha.
A mesma realidade se espalha pelo Interior. No fim de semana, estavam Eduardo Campos (PSB) e Eunício Oliveira (PMDB) a serem homenageados no Cariri. Um pré-candidato a presidente, outro a governador. Mesma coisa em 2010, quando Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) receberam títulos de cidadania da Capital.
A Boticário Ferreira, concedida pelo Legislativo da Capital, é a comenda mais importante do Município de Fortaleza. Faz alusão a personagem que é parte da história da Capital. As personalidades indicadas todas têm sua relevância. Mas a entrega de três no intervalo de praticamente uma semana, em solenidades distintas, torna o negócio um tanto bagunçado. Os interesses políticos por trás transformam o componente anedótico em absurdo eleitoreiro.
Além do mais, fica a imagem de que os parlamentares não têm mais o que fazer e ficam a conceder agrados. Penso na Medalha da Abolição, do Governo do Estado, concedida de uma vez a três ou quatro condecorados, em data certa, uma fez por ano. Essa profusão desvaloriza até a medalha, que deveria ter importância muito maior, mas que se desbota pela banalização. Mesmo para os homenageados, perde brilho.