O deputado Fernando Hugo argumentou que o problema da saúde no Brasil não é a falta de médico, mas a falta de dignidade da profissão
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Deputados estaduais cearenses mantêm posição contrária à vinda de médicos cubanos para atender a população brasileira. Durante sessão ordinária, ontem, parlamentares voltaram a criticar a proposta do Ministério da Saúde, e foi apresentado, inclusive, um requerimento ao Conselho Federal de Medicina para que este se posicione contrário à medida.
O deputado Fernando Hugo (PSDB), por exemplo, fez críticas à possível migração de 6 mil médicos cubanos para o Brasil e afirmou que os profissionais do País caribenho são formados com "rudimentos da medicina", pois lá eles não conheceriam não se conhece a riqueza dos exames como ressonância, endoscopia, tomografia e ultra-som, além de outros procedimentos adotados pela medicina brasileira.
O tucano apresentou requerimento pedindo que seja manifestada pelo presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D´Ávila, e conselhos regionais de medicina a posição contrária à suspensão do exame de revalidação para os médicos de outros países. "Trazer um navio de cubanos para vir trabalhar aqui? Como irá ser o trabalho com alguém que só fala castelhano com os pacientes?", indaga.
Segundo disse, o problema da saúde no Brasil não é a falta de médico, mas a falta de "dignidade da profissão", com melhores condições de trabalho. Ele sugeriu ainda que o Governo criasse a carreira de profissional médico no País, o que iria atrair os profissionais ao trabalho, com a certeza de horários a cumprir, ascensão na carreira médica, além de outras obrigações e direitos. "Isto que o Governo está propondo é tão sério porque a medicina de lá é de ´capoeira´, de chá, da pílula do mato. É de grande valor em termo de controle epidemiológico e só", criticou.
Suficientes
Vasques Landim (PR) chamou de "grande desrespeito" aos profissionais médicos do Brasil e à população, a tentativa do Governo Federal em trazer para cá estes profissionais, porque, segundo ele, existem médicos suficientes para atender a demanda do Brasil. "Parece também que estão considerando a classe de pacientes atendidos pelos médicos cubanos como pacientes de segunda classe. Estão dizendo que esses médicos são para o Norte e o Nordeste. Será que só nós precisamos desses médicos cubanos?", indagou.
Ele afirmou ainda que o dinheiro que seria distribuído para os médicos de Cuba não será inteiramente entregue para os profissionais, mas a maior parte irá para o País caribenho. Silvana Oliveira (PMDB) lembrou que o Ministério da Saúde afirmou que a revalidação, prova obrigatória para exercer a profissão, iria ser dispensado para esses médicos, e isso, na opinião da parlamentar, será um grande problema para a saúde do País.
Osmar Baquit (PSD) chegou a ironizar, ao dizer que não quer ser "cobaia de ninguém".