André Facó revela o interesse da Cagece de gerar a própria energia
FOTO: DIVULGAÇÃO/FELIPE ABUD
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) vai expandir seus negócios, após 42 anos atuando no Ceará em serviços de fornecimento de água e tratamento de esgoto. A estatal analisa propostas nacionais e internacionais. A mais próxima de ser concretizada é para contribuir no saneamento básico em Cabo Verde, ilha da África, conforme revela ao O POVO o presidente da Cagece, André Facó.
“Há um interesse de Cabo Verde de transferência tecnológica e de conhecimento em saneamento. Estamos negociando um termo de cooperação técnica com a segunda maior ilha de lá”, adianta Facó.
Representantes cabo-verdianos já estiveram no Ceará para solicitar assessoramento no sistema de abastecimento do País. “Por ser uma ilha que não tem mananciais naturais, a saída é construção de barragens e açudes para o abastecimento humano, como acontece no Ceará”, ressalta o presidente.
A Cagece não pode atuar com outros serviços nem em outros estado por limitações dadas na sua criação, por meio da Lei nº 9.499, de 20 de junho de 1971. Para expandir as atividades e a lucratividade, estão sendo discutidas mudanças na sua lei de criação. Algumas alterações já foram aprovadas pelo Conselho de Administração da Cagece e estão sendo analisadas pela Procuradoria Geral do Estado (PGE). As mudanças vão passar pelo crivo do Governador Cid Gomes e precisam ser aprovadas como forme de lei na Assembleia Legislativa, informa a Cagece, por meio da sua assessoria de imprensa.
“Estamos mudando nossa lei para nos permitir ter atuação no Brasil e no exterior. Já aprovamos (as mudanças) em fevereiro de 2013 no Conselho de Administração. Temos sido muito demandados no exterior”, reforça André Facó.
O POVO apurou que a Cagece perdeu negócios em Angola, Moçambique e Índia, no início dos anos 2000. Organismos internacionais cogitaram a Cagece para ser representá-los em serviços de saneamento em países africanos. Na época, o Governo do Estado não aprovara a mudança na legislação. A estatal esteve na iminência de ganhar a concessão que hoje é da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), mas as mesmas restrições impediram o êxito.
Resíduos e drenagem
Facó afirma que o planejamento estratégico, do período de 2013 a 2016, a companhia vai se colocar como empresa de soluções para saneamento básico. “Incorpora água, esgoto, resíduos sólidos e água pluvial. Temos estudado alguns projetos que estão na esfera de resíduos sólidos e drenagem pluvial”, afirma.
Outra atividade na mira da empresa é a geração de energia elétrica por meio do biogás. A Estação de Tratamento de Esgoto do Acarapé, em Fortaleza, já funciona 23 horas por dia por meio do gás a partir do próprio tratamento do esgoto.
“Geração de energia elétrica para utilização da própria Cagece ou colocar para a própria rede. A segunda maior despesa de qualquer empresa de saneamento é energia elétrica, cerca de 14%”, informou o presidente.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O processo é burocrático e demorado, mas ainda este ano a Cagece pode ter autorização para desenvolver novas atividades e atuar fora do Ceará e até fora do Brasil, assim, lograr maior rentabilidade e lucratividade.