Ainda como secretário da Saúde, Carlile Lavor foi à Assembleia Legislativa no dia 15 de abril, em audiência pública, discutir ações para a área
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A informação divulgada na edição de ontem do Diário do Nordeste sobre a saída do secretário da Saúde, Carlile Lavor, da gestão Camilo Santana surpreendeu deputados estaduais. A crise na Saúde, avaliam os entrevistados, é o motivo central da desistência do gestor. Embora o Palácio da Abolição não tenha se manifestado oficialmente, a ausência dele, ontem, em reunião com a presença do ministro da Saúde, Arthur Chioro, ratificaram a decisão de Lavor.
Para a deputada Augusta Brito (PCdoB), a saída de Carlile está ligada à crise geral da economia nacional e à falta de recursos da União para manter os compromissos com os estados na manutenção dos equipamentos de Saúde. Da base aliada, Augusta não admite outra razão para a exoneração do secretário.
O deputado Gony Arruda (PSD), ex-secretário da gestão Cid Gomes, salientou que, ao assumir um compromisso com o Governo, o gestor tem que entender que não pode prejudicar a população do Estado. "Quando se assume um compromisso, é de bom alvitre que se cumpra até o final. Quando se assume um compromisso tem que saber das suas responsabilidades e compromissos com a população", declarou o parlamentar.
Em pronunciamento na semana passada, o deputado Walter Cavalcante (PMDB) citou as dificuldades que o Ceará vem enfrentando na Saúde e chegou a propor que fosse criada comissão que vá a Brasília cobrar de deputados federais e senadores postura de pressão ao Governo Federal. A intenção é que o Estado seja ressarcido pelos prejuízos causados com o cancelamento da Refinaria Premium II. A verba seria destinada à Saúde.
O deputado acredita que Carlile Lavor percebeu a dificuldade em gerir a área, por conta da falta de repasses federais, levando o gestor a deixar o cargo. "Espero que, com a saída do secretário de Saúde, isso possa fazer acender uma luz vermelha para que o Governo Camilo trabalhe junto a presidente Dilma para que ela traga recursos ao Ceará. O Estado foi quem mais deu votação a presidente da República", destacou Cavalcante.
Escolha política
Para Sérgio Aguiar (PROS), a saída de cada um dos três secretários do Governo (Esporte, Educação e Saúde) ocorreu de forma pontual e por motivações distintas. Segundo ele, a decisão de David Durand (PRB), que foi secretário de Esportes por dois meses e não tinha experiência no Executivo, foi uma escolha política. No caso de Maurício Holanda, da Educação, sua saída teve motivações burocráticas, já que é funcionário da Câmara Federal e não foi liberado para assumir a vaga de secretário.
No caso específico de Lavor, Aguiar disse que os parlamentares ainda estão apurando as razões da saída, mas aponta que a desistência do secretário está diretamente relacionada à situação crítica da área. "Não quero crer em crise, mas que foram momentos pontuais. O Carlile não foi indicação de partidos, mas indicação de cunho pessoal de Camilo Santana", afirmou
O parlamentar esteve recentemente reunido com representantes da bancada federal, em Brasília, juntamente com membros da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece), quando ficou acertada a requalificação e ampliação das unidades de saúde dos municípios cearenses.
Leonardo Pinheiro (PSD) demonstrou surpresa com a saída de Lavor e afirmou que a Saúde passa por dificuldades não somente no Ceará, mas em todo o País, por ponta do déficit nos repasses da União a estados e municípios. Segundo ele, mesmo com a desistência do titular da Pasta, o quadro atual da Secretaria dará continuidade aos projetos tocados até agora. "É preciso trabalho forte para regular a rede que aí está, mas é óbvio que isso passa pela questão do financiamento", apontou.