Júlio César Filho diz que ainda tentou exercer a profissão de engenheiro, mas não conseguiu
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Os deputados estaduais eleitos para a próxima Legislatura têm, dentre outras obrigações, participar dos debates na Assembleia Legislativa. No entanto, muitos dos deles possuem uma profissão como fonte de renda e não vão abdicar de seus afazeres, tentando, ao longo dos próximos quatro anos, conciliar a vida pública com seus empregos.
Em 2014, foram muitas as sessões da Assembleia que deixaram de ocorrer devido à falta de deputados na Casa. Quando perguntados sobre os motivos que os levaram a se ausentar do plenário, as respostas davam conta de que estavam em reuniões em outros lugares, inclusive tratando de assuntos profissionais.
A deputada Silvana Oliveira (PMDB) afirma que nunca parou de exercer a profissão de dermatologista. Alega que o deputado que falta à uma sessão ordinária o faz por "falta de compromisso". "Deputado ganha muito bem, mas é hoje e até quando for bem avaliado pelo povo. Já dermatologista eu vou ser até quando Jesus voltar", justificou.
A peemedebista atende os pacientes no período da manhã e da tarde. Porém, quando iniciar o mandato, a partir de fevereiro, pretende remarcar todas as consultas para o fim da tarde e noite. Na Casa, ela quer participar das comissões técnicas. "O que não posso fazer é colocar o dedo (registrar presença) e ir embora. Vou dar prioridade ao mandato, mas não deixo de ser dermatologista, porque não posso abandonar tudo", argumenta.
Empresária
Fernanda Pessoa (PR) é empresária do setor avícola. Ela era uma das parlamentares que madrugavam para registrar presença e participar das discussões durante o Primeiro Expediente da Assembleia. Segundo informou, depois que mudaram as regras do início do registro de assinaturas, ficou mais complicado conciliar emprego e mandato.
"Agora piorou um pouco. Antes eu me inscrevia e ia para a empresa e depois voltava para a Assembleia às 9 horas. Agora vou para a empresa, volto para a Assembleia para registrar presença e volto para empresa. Só depois vou para a Assembleia", explicou. A republicana diz que quer ter mais participação na Casa e pleiteia uma vaga na Mesa Diretora. "A mulher tem essa coisa de ser versátil. É esposa, mãe, empresária e parlamentar", diz.
Para a próxima legislatura, a profissão de empresário, conforme levantamento do Diário do Nordeste, é a que terá maior representatividade na Casa, com 11 legisladores na ocupação. Já os médicos, que eram maioria, agora estão em segundo lugar, tendo apenas nove médicos na Casa a partir de 2015. Os advogados vêm em terceiro lugar.
Carlos Matos (PSDB) é empresário do ramo de educação corporativa e imobiliária e aponta que vai averiguar os impedimentos legais para manter a profissão e permanecer no mandato. Porém, destacou que não será "político de profissão". Ressalta que tem uma equipe de profissionais que tocarão a empresa enquanto estiver na vida pública.
Já Renato Roseno (PSOL) é servidor público federal com lotação em Brasília e destacou que vai pedir afastamento para assumir o mandato. "Eu entro com pedido de afastamento, e volto a ser servidor depois. Vou me dedicar, exclusivamente, ao mandato", responde.
Júlio César Filho (PTN), formado em engenharia civil, chegou a exercer a profissão logo nos primeiros meses de mandato, mas resolveu se afastar temporariamente da profissão. "Eu achava que dava para conciliar, mas não dá". Segundo ele, os novatos tentarão fazer essa conciliação, mas irão se frustrar.