Debates e estratégias
Os dois primeiros debates no segundo turno no Ceará foram realizados entre a noite de domingo, na TV O POVO, e a tarde de ontem, na rádio Tribuna Band News. Foram agressivos – embora não como os dois primeiros debates presidenciais, na semana passada. Tanto Camilo Santana (PT) quanto Eunício Oliveira (PMDB) se saíram melhor que no primeiro turno. Até pela proximidade entre programas, um foi quase a continuação do outro. Questões foram retomadas e perguntas, refeitas ipsis litteris. Com exposição contínua e enfrentamentos sucessivos, puderam desenvolver algumas teses e argumentos.
Eunício assumiu postura mais, digamos, enfática e incisiva desde a primeira intervenção na TV O POVO. Ao comentar resposta de Camilo sobre escolas de tempo integral, de cara Eunício afirmou que o programa “não aconteceu verdadeiramente”. Sobretudo nas primeiras intervenções, várias vezes disse que o candidato governista não dizia a verdade.
O petista, por sua vez, ressaltava sempre que iria se dirigir diretamente ao eleitor, sem priorizar o diálogo com o antagonista. Na primeira vez em que se dirigiu a Eunício, o fez para dizer que o adversário não conhece o Ceará. A linha de apontar desinformação, desconhecimento dos dados, de não andar pelo Estado e morar fora foi também recorrente no discurso de Camilo. E, principalmente no começo do debate na TV O POVO e, novamente, na Tribuna Band News, pôs a pecha de demagógicas nas propostas peemedebistas.
A partir do segundo bloco na TV O POVO, e com muita ênfase até o da Tribuna Band News, repetidas vezes Camilo afirmou que Eunício não dizia a verdade. Chegou a afirmar que Eunício “está mentindo para o povo do Ceará”. Em outro momento, disse: “A gente precisa falar a verdade. Não sou candidato para estar mentindo”.
Discurso recorrente de Eunício foi apontar que Camilo só “gosta de estatística quando lhe favorece”, diante do que apontava vários indicadores negativos sobre a atual gestão. E também insistiu bastante na tese de que Camilo “esteve no governo, teve oportunidade e não fez”. No debate de ontem, reclamou que o petista faz discurso sinalizando “tudo para o futuro, não vejo nada disso acontecendo”.
No domingo, Eunício associou a candidatura petista à “vontade de um padrinho político que tem em você um homem dócil que não vai criar nenhuma dificuldade, que vai obedecer todas as ordens”.
Camilo, também na TV O POVO, apontou em diversos momentos, a contradição entre o discurso atual de Eunício e o do passado, quando afirmava, segundo disse, que Cid era o “melhor governador da história do Ceará”. E defendeu que se tenha ética e lado na política.