As pesquisas de intenção de voto saíram do primeiro turno das eleições sob olhares de desconfiança, provocados pelas “surpresas” que surgiram das urnas Brasil afora. Em Fortaleza, os institutos não detectaram o crescimento acentuado de Heitor Férrer (PDT) na disputa pela Prefeitura. Em todas as sondagens, ele aparecia em quarto lugar, atrás de Moroni Torgan (DEM). O resultado final, no entanto, mostrou Heitor em terceiro, com 20,9% dos votos e vantagem de sete pontos percentuais sobre o adversário. A situação reacendeu o debate sobre a confiabilidade e as formas de interpretação de pesquisas. No levantamento do Datafolha realizado de 4 a 6 de outubro e publicado pelo O POVO na edição do dia 8 , Heitor tinha 15% das intenções de voto – quatro pontos a mais que na pesquisa anterior.
Questionado pelo O POVO, o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, negou que tenha havido erro de cálculo ou de amostragem. “Até a pesquisa da véspera, Heitor e Moroni apareciam em empate técnico, com Heitor crescendo. Na reta final, essa curva se acentuou. É preciso entender que pesquisa não dá o resultado da eleição, mas a tendência. E a tendência mostrada era de alta do Heitor”, argumentou.
Paulino disse, ainda, que a apuração das urnas revelou “uma migração dos votos de Moroni para Heitor nas últimas 24 horas (do pleito)”. Ele destacou também que, até as vésperas da eleição, o Datafolha mostrava que um em cada cinco eleitores ainda admitiam mudar o voto. “Há duas formas de interpretar a situação: uma é dizer que houve erro das pesquisas; outra é aproveitar pra compreender melhor a dinâmica de parte do eleitorado, que decide o voto nos últimos momentos”. IbopeO Ibope também deixou passar batido o crescimento do candidato do PDT. A pesquisa de boca de urna do Instituto, contratada pela TV Verdes Mares e realizada no dia da votação, mostrou Heitor com 15%, atrás de Moroni (18%). Ontem, o Ibope divulgou nota reconhecendo que “não foi captada a subida de última hora ”. Em entrevista à rádio CBN ontem, a diretora-executiva de Atendimento e Planejamento do Instituto, Márcia Cavallari, disse, sem fazer referência específica a Fortaleza, que “pesquisa não dita a ultima palavra, não é infalível. As pessoas querem dar uma importância pra pesquisa além do que ela tem”. Ela também destacou que eleições municipais são as mais “voláteis” e que as mudanças ocorrem rapidamente. O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
As pesquisas de intenção de voto são bastante utilizadas pelas campanhas, principalmente na estratégia de marketing. O tema também rende polêmica, pois discute-se o poder de influência dos números sobre o eleitor. Saiba maisHouve surpresas em várias outras partes do Brasil. Na disputa pela Prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), que aparecia em terceiro lugar na pesquisa de boca de urna, ultrapassou Luciano Ducci (PSB) e garantiu vaga no segundo turno. No Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Natal e Goiânia, as pesquisas de boca de urna também não foram capazes de projetar resultados dentro da margem de erro.