Para três candidatos, o domingo de eleição foi mais amargo que para os demais. Os veteranos Moroni Torgan (DEM), Heitor Férrer (PDT) e Inácio Arruda (PCdoB) tiveram, na noite de ontem, o ponto final de uma saga frustrada em mais uma tentativa de se eleger prefeito de Fortaleza. Renato Roseno (Psol) e Marcos Cals (PSDB) também amargaram derrota já pré-anunciada nas pesquisas de intenção de votos. O percurso de Moroni, no entanto, é mais complexo do que o dos demais. Quando anunciou que se candidataria mais uma vez para tentar se eleger chefe do executivo na Capital, enfrentou críticas de parte da população e, principalmente, dos que até ontem fizeram oposição à sua nova campanha. Não só pelo fato de o democrata já ter sido derrotado em três eleições consecutivas, mas pelo que mais pesou no início de sua nova jornada: Moroni estava há três anos e meio ausente do Brasil.
Para validar a candidatura, o democrata desembarcara no Ceará no último dia previsto pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para que fossem realizadas as convenções que homologariam os candidatos. Naquele dia, Moroni chegou em Fortaleza às pressas, sob gritos de “forasteiro!”, sinalizando o primeiro indício do quão controversa seria a campanha que o leva, agora, à quarta derrota nas urnas.
Nas primeiras pesquisas de intenção de votos, ele despontou como favorito. Manteve-se assim durante longo período da campanha. Até que, com o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, a liderança do democrata se viu frágil. Com tempo de exposição enxuto, sem apoio de outras frentes e numa campanha tímida nas ruas, a candidatura perdeu fôlego, assim como a de Inácio Arruda.
Na manhã de ontem, enquanto os demais candidatos percorriam a cidade e iam às urnas, Moroni estava recluso na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias, a mesma que o levou em missão religiosa a Portugal nos últimos três anos. Já no início da tarde, chegou à escola no bairro Serviluz, onde rapidamente votou e seguiu para destino incerto.
Se a trajetória de derrotas do democrata se repete nesta campanha, o perfil de Moroni não é tão homogêneo assim. Antes arisco, crítico e opositor, o democrata optou agora por fazer uma campanha serena. Amenizou as críticas, manteve o tom sutil e em poucos momentos se viu alheio a esse perfil. Mais uma vez, não deu.
Já Heitor Férrer contabiliza a segunda derrota nas urnas fortalezenses. Esta, no entanto, com sabor de quase vitória. O candidato chegou a ficar na liderança deste pleito quando as urnas começaram a ser abertas, contrariando os números das pesquisas, que o apontavam atrás de Moroni. Terminou em terceiro lugar. Por pouco não chegou ao segundo turno.
Com o menor índice de rejeição, o candidato era apontado como a segunda opção da maioria do eleitorado. Posicionou-se na disputa como o postulante independente. Sob o lema de “um candidato pra chamar de seu”, Heitor embasou seu discurso mostrando-se ao eleitor como uma alternativa aos candidatos das máquinas administrativas.
Nenhuma derrota, entretanto, é mais emblemática do que a do senador Inácio Arruda. O candidato, que iniciou a campanha como um dos favoritos, começou o domingo de eleição percorrendo a cidade em busca de conquistar a simpatia dos últimos indecisos. Em vão. (colaboraram Marina Solon e Mariana Freire)