A fabricação dos candidatos
A história eleitoral é repleta de exemplos de candidatos que começaram embaixo e terminaram em cima. Mas o que ocorre em Fortaleza é quase sem precedentes: são dois os competidores que largaram muito atrás e, na reta final do primeiro turno, chegam como favoritos para ir ao segundo turno. Isso depois de ultrapassar nomes que já haviam concorrido em outras ocasiões e muito mais conhecidos e consolidados perante os eleitores. No começo da eleição, a coluna chegou a apontar como improvável o enfrentamento entre Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PSB) no segundo turno. Hoje, todavia, é o cenário posto. A explicação para o crescimento de ambos é inequívoca: apoios políticos, tempo de rádio e televisão, muito dinheiro para gastar e o suporte da Prefeitura, em um caso, e do Governo do Estado, no outro. É a força dos padrinhos políticos – Luizianne Lins e Lula pelo PT, Cid Gomes pelo PSB. Há 20 anos, desde que Juraci Magalhães elegeu Antonio Cambraia, como reflexo de seu prestígio pessoal, o eleitor de Fortaleza não era influenciado de forma tão decisiva pelos padrinhos políticos das candidaturas. Luizianne até se reelegeu, em 2008, com apoio de Cid e Lula. Mas tinha sua própria força pessoal e a de sua administração. Agora, é impossível explicar o avanço de Elmano e Roberto Cláudio sem colocar como protagonistas os governos, governantes e coligações por trás deles. Há vários aspectos aí envolvidos. Fica evidente a vitalidade dessa nova elite política cearense, que tem Cid e Luizianne como expoentes. Outro fator é a capacidade das máquinas de influenciar a decisão do voto. E, ainda, a fragilidade das oposições. Afinal, o candidato da prefeita é quem mais cresce no Datafolha. E quem passa a estabelecer o contraponto a ele é o candidato das forças políticas que eram aliadas até um mês antes da eleição. Tal fator é particularmente relevante para análise.