Para que servem os programas dos candidatos
Para além daquilo que foram obrigados a entregar no registro de candidatura, apenas dois postulantes a prefeito de Fortaleza divulgaram o que seria o aprofundamento das propostas iniciais. O ideal, aliás, era que o documento entregue à Justiça Eleitoral no começo da campanha já fosse o plano de gestão definitivo, fruto do amadurecimento do projeto para a cidade. Mas, muito pelo contrário, as candidaturas foram improvisadas – notadamente aquelas que lideram as pesquisas. Os programas de governo, ainda mais. Vão sendo construídos com a campanha em andamento – processo evidentemente equivocado. Pois bem, Elmano de Freitas (PT) anunciou a apresentação do seu plano para a cidade no último sábado. Anunciou, mas não apresentou. Apenas foi entregue o resumo, em quatro folhinhas de papel, com capa saída de uma impressora caseira. E com anotações internas que a revisão deixou escapar. Inacreditavelmente, conseguiu ficar mais rasteiro que as propostas divulgadas no registro da candidatura. Com a vantagem, reconheça-se, de as quatro folhinhas pelo menos conterem, agora, ações concretas, em contraponto ao generalismo absoluto do documento divulgado em julho. Para esta semana, foi anunciada, embora sem data, a divulgação do programa de verdade. Este, embora “lançado” no sábado passado, permanece tão desconhecido quanto era antes. Ficou com jeito de que, depois da divulgação do programa de Roberto Cláudio (PSB), na quinta-feira passada, os petistas não quiseram ficar para trás. E aproveitaram a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para compensar o “detalhe” da falta de programa. Impossível levar a sério.
Já o programa de Roberto Cláudio (PSB) vê-se que foi preparado com esmero. Esse dá para ser analisado. O documento faz diagnóstico ponto a ponto, propõe ações imediatas e outras de longo prazo. Mas não aprofunda muita coisa. No começo da campanha, o candidato lançou um pequeno conjunto de tópicos e ações. Agora,tem-se um grande conjunto de tópicos e ações, apresentadas de forma quase tão superficial quanto antes. Agrega-se, é fato, breve análise da situação posta. Mas as propostas em si são pouquíssimo detalhadas. Há coisas como “acabar com a falta de médicos e medicamentos”, “fortalecimento da rede de urgência e emergência”, “racionalização e otimização dos recursos financeiros” ou “botar para funcionar direito todas as escolas do Município”. E ainda “redução dos índices de mortalidade materno-infantil”, sem dar qualquer indicativo de como isso será feito. E muitas outras ações do tipo.
Falta muito às propostas de todos os candidatos. O generalismo campeia nos programas. As ações prometidas muitas vezes não são quantificadas. Quase nunca há especificação de quanto será investido. E não há praticamente nenhum prazo definido.