O tucano Marcos Cals foi o sétimo entrevistado pelo programa Hora da Verdade
FOTO: SARA MAIA
O candidato do PSDB a prefeito de Fortaleza, Marcos Cals, entrevistado de ontem na série A Hora da Verdade, do Grupo de Comunicação O POVO classificou o governo Cid Gomes (PSB) como “extravagante”. O tucano, que foi secretário de Justiça durante o primeiro mandato de Cid, disse ainda que a gestão estadual “superestima” as obras.
“O governador faz extravagâncias, como a obra do Acquário”, disse. Ele ainda acusou Cid Gomes de superestimar as Policlínicas instaladas pelo governo do Estado. Segundo Marcos Cals, apenas quatro ou cinco especialidades de saúde estariam funcionando nas unidades, ao invés da previsão inicial de 15 instituições médicas.
Marcos garantiu que o ex-senador Tasso Jereissati está “firme” ao seu lado e irá entrar na campanha “quando quiser”. “Eu só acho que ele não consegue fazer as caminhadas que faço, uma hora e meia de manhã, uma hora e meia de tarde”, afirma. Leia os principais trechos:
Ruy Lima: O senhor tem dito que, em uma eventual administração sua, a Prefeitura vai transformar a vida das pessoas. Qual é a mágica para transformar a vida das pessoas em quatro anos?Marcos Cals: Nosso diferencial é que temos experiência em administração. Conhecemos e sabemos o que vamos fazer. É diferente da atual gestão, que vendeu um sonho e não realizou. Ofertou perspectiva positiva para a população e não entregou. Nós conhecemos a máquina, sabemos do que estamos dizendo, e vamos cobrar e implementar serviços de qualidade. Hoje as pessoas não acreditam mais nos serviços da Prefeitura. Ruy: Mas o senhor, enquanto secretário de Justiça, deixou a Secretaria com um saldo de rebeliões, de superlotação e condições desumanas de tratamento dos presos.Marcos: Não é verdade. Nós recebemos, modéstia à parte, a maior comenda do sistema penitenciário, escolhida por unanimidade pelo conselho penitenciário. Isso na época que eu era ex-secretário, já na oposição firme ao governador Cid e a prefeita Luizianne Lins. Guálter George: Em reconhecimento a que?Marcos: Ao trabalho. Naquela época, houve uma declaração do Departamento Penitenciário Nacional de que nós humanizamos o sistema penitenciário. Naquela época, o governador implantou o Ronda do Quarteirão. Aí houve uma ação de prisões enorme, e nós construímos grandes casas de privação provisória, com toda uma infraestrutura. Com perspectiva de aulas para o preso, espaço para trabalho. Nós fizemos isso e conseguimos zerar, na Região Metropolitana, o número de excedentes de preso. E essa penitenciária que vão inaugurar agora, foi licitada na minha época. Cláudio Ribeiro: Em março de 2009, o senhor já tinha enfrentado várias fugas no sistema penitenciário, com 18 mortes. Qual a diferença nesse cenário, com inúmeras apreensões de celulares, fugas?Marcos: Eu sempre dava transparência em todas as minhas ações. Fazia duas revistas no sistema penitenciário por semana, e divulgava a apreensão de celulares, cossoco... Cláudio: Isso ainda se faz, candidato.Marcos: Mas não divulgam, nem mostram a verdade. Em 2008, nós tivemos o ponto alto da gestão. Enfrentei um motim em 2007 no IPPS, e mostrei para a imprensa. Soube que teve um motim agora em Pacatuba, e disseram que queimaram apenas 400 colchões. Olhando nos meus olhos, você acredita que preso em motim só queima 400 colchões? Ele não quebra tudo? Então eu fico tranquilo. Humanizei o sistema. Quando tivemos motim no IPPS, fui lá, chamei os presos e perguntei “o que é que está havendo aqui? Qual é a solução”. No ano seguinte, zero mortes. Se dialoguei com os presos, imagina com os servidores. Guálter: O senhor tem assumido a postura da verdadeira oposição a gestão Luizianne Lins. O que representou o recente encontro entre o ex-governador Tasso Jereissati e a prefeita? Isso causa desgaste na sua postura de oposição?Marcos: Não tem isso, nós somos oposição por convicção, e eu vou continuar sendo de oposição para valer. Porque não acredito nesse sistema, não acredito nessa administração. Sobre o encontro: quando a gente começa um projeto, nós temos que identificar os principais stakeholders, que são aqueles clientes preferenciais. Nesse campo, tem os stakeholders positivos, que são os clientes, aquelas pessoas que vão implantar o projeto, e os stakeholders negativos. E a Luizianne é um stakeholder negativo. Por quê? Porque ela é o (cliente) principal. Quando eu vou iniciar o projeto, eu tenho que dialogar com ele, pra não acontecer o que aconteceu no passado, quando a prefeita deu, através da Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano, autorização para a construção da Torre (Jereissati), e depois, de forma totalmente equivocada, queria fazer um referendo da concessão que ela deu. Então ele identificou isso, e foi logo conversar com ela, para não ter problema no seu projeto. Ruy: O senhor foi comunicado pelo ex-governador Tasso sobre esse encontro?Marcos: Fui. Acho que ele é um empresário, e que qualquer empresário que vem implantar um negócio aqui tem que identificar o stakeholder, e ela é um stakeholder negativo, porque não tem consistência no que faz. Felipe Araújo: O seu partido é o principal crítico da política assistencialista do governo Lula. No entanto, o senhor anuncia no seu programa de governo uma ação que garantiria uma renda mínima per capita de no mínimo R$ 70,00 para fortalezenses em situação de extrema pobreza. Isso não é uma contradição?Marcos: Meu partido foi quem implantou o programa Bolsa Família. Só tinha outro nome, que era o Vale Gás... Felipe: Mas sem a capilaridade e a dimensão do Bolsa Família.Marcos: O Lula fez só a junção de todos os programas que nós tínhamos de socorro às pessoas em extrema pobreza, e chamou de Bolsa Família. Como no programa Luz do Campo, que ele chamou de Luz para Todos. Ele só fez isso, implementou todas as nossas políticas. Guálter: Então o PSDB já praticava assistencialismo.Marcos: Claro, só que nós tínhamos uma proposta diferente: não é a de eternizar, e sim de socorrer emergencialmente, e depois prepará-lo para o mercado de trabalho. Nós temos aqui 134 mil pessoas que vivem com um oitavo de salário mínimo, e essas pessoas precisam ser socorridas mesmo. Eu tenho andado nas comunidades, e essas famílias estão passando fome. Esses R$ 70,00 vão se somar ao Bolsa Família, e nós temos orçamento para implementar. Agora, eu vou fazer todo o esforço para que esse pessoal vá se capacitar como pedreiro, torneiro hidráulico, eletricista, para que eles possam ter uma perspectiva de vida. Esse é o nosso projeto, e não a eternização do benefício. Se isso vai demorar meus quatro anos de prefeito, que demore. Eu vou fazer, e já tinha lançado essa proposta na campanha de 2010. Cláudio: Uma das propostas do senhor de inserção na sociedade é construção de pocilgas e galinheiros na periferia, o senhor já falou disso. Eu queria que o senhor explicasse melhor quantos o senhor pretende construir?Marcos: Veja bem. Você acha que eu ia dizer “vamos construir pocilgas e galinheiros?”. Quem disse isso foi a Luizianne que não conhece a periferia. Ela tava dizendo, eu vi na emissora de televisão, que o candidato Marcos Cals, do PSDB, vai estimular pocilgas e galinheiros. A realidade é a que eu conheço, é a que eu ando. Eu fui no (bairro) Luciano Cavalcante participar de um aniversário de uma pessoa, e lá, naquela casa, aquela família fazia renda com uma pequena pocilga e com um pequeno galinheiro. Galinha poedeira. Eu dizia até que a Luizianne não sabia bem o que era galinha poedeira: é aquela que põe ovo. Certo? (A família) vivia daquilo. Ora, se é uma realidade eu vou mandar fechar? Não, aí eu vou pegar a vigilância sanitária, organizar, dar as condições técnicas para as pessoas e estimular com dinheiro mesmo. Por que os outros podem fazer e eu não posso? E vou ensinar na movelaria, porque tem pequenas movelarias, tem fábrica de facção, de confecção. Entendeu? Tem fábrica de marcenaria. Eu tenho andado, eu tenho visto, as pessoas vivem desse comércio informal. Agora eu vou tratar de regularizar e dar as condições técnicas. É diferente (de estimular). Como ela (Luizianne Lins) não anda na periferia, só quer andar aqui na Aldeota, só quer conversar com o pessoal que não sofre, porque eu acho que talvez tenha prometido além da conta, e não conseguiu cumprir, aí fica dizendo: “Ah, o Marcos vai estimular pocilga e galinheiro. Ora, será que eu sou maluco?”. José Neto (internauta): O ex-governador Tasso está apoiando explicitamente sua candidatura? Até onde sei, ele estaria apoiando Heitor Férrer.Marcos: O Tasso está firme. Agora, ele entra na campanha se quiser, se quiser participar na televisão participa. Eu acho que ele não aguenta fazer as caminhadas que eu faço, uma hora e meia de manhã, e uma hora e meia de tarde. Eu disse pra ele que estaria a disposição: o quanto que ele quisesse. Guálter: E já está previsto o aparecimento dele na televisão?Marcos: Nós já botamos o Aécio, o Pedro Fiuza. Com certeza o Tasso mais na frente entrará na televisão. Ele não tem porque passar uma hora e meia caminhando comigo. Eu não escondo não. Eu perguntei para o candidato do PT porque ele brigava pela imagem do Lula e da Dilma, mas não brigava pela do Zé Dirceu, do Delúbio Soares? Porque escondem como se eles não existissem? Eu não. Tasso, na hora que você quiser aparecer do meu lado, recebo. Felipe: O senhor receberia o Eduardo Azeredo (deputado federal do PSDB, acusado de peculato e lavagem de dinheiro em sua campanha para o governo de Minas Gerais em 1998) no seu programa?Marcos: A diferença é que: Azeredo, errou, vá para a cadeia. Agora manda o candidato do PT dizer para mandar o Dirceu ou o Delúbio para a cadeia. Eu digo, quem tiver envolvido... Guálter: Mas candidato, o PSDB passou a mão na cabeça do Azeredo. Ele permaneceu presidente, é deputado federal hoje pelo partido, tem legenda, e é réu tanto quanto os petistas.Marcos: Pois na hora que julgar, se estiver errado, que vá para a cadeia. O meu comportamento é o de um homem para valer, com relação aos candidatos da base aliada. Eu passei a minha vida pública me cuidando para não cometer irregularidade. Felipe: O senhor falou que tem trinta anos de vida pública. O senhor é um político profissional, candidato?Fernando Pimenta (internauta): Qual a sua profissão? Já trabalhou com carteira assinada?Marcos: Sou sociólogo, estou concluindo agora pós-graduação em gestão pública, e sobrevivo de um posto de gasolina que eu tenho há trinta anos atrás. Posto que eu construí com o meu suor, ralando, com dinheiro meu e declarado no imposto de renda. Não é dinheiro do mensalão não.
Luiz Rocha (internauta): O maior número de candidaturas impugnadas pela lei da ficha limpa é do PSDB...Marcos: O maior número de fichas suja daqui do Ceará foram PSB e, salvo engano, PMDB ou PT. Guálter: Mas no quadro nacional, o PSDB realmente foi o com maior número de candidaturas barradas na lei.Marcos: Mas meu amigo, eu moro é no Ceará. Aqui foi o PSB e, salvo engano, PMDB ou PT. Não tem a menor possibilidade dessa mão aqui meter a mão em uma cumbuca. Não faço isso não. Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
Candidato à Prefeitura de Fortaleza pelo PSDB, o ex-deputado estadual e sociólogo Marcos Cals, é filho do ex-governador César Cals está na política a três décadas, já tendo sido presidente da Assembleia Legislativa e Secretário de Justiça no primeiro governo de Cid Gomes. Bastidores
A assessora de Marcos Cals, Rosanna Amazonas, durante a participação do tucano no programa, reclamou de uma publicação na página do O POVO Online no Twitter que falava da proposta do prefeiturável voltada para pocilgas e galinheiros. O texto foi corrigido imediatamente.
Em seguida, Rosana também reclamou da matéria publicada no portal O POVO Online, com o seguinte título: "Marcos Cals diz que irá regularizar as pocilgas e os galinheiros de Fortaleza".
Ao ler a matéria e perceber que o texto não falava que o candidato iria criar pocilgas e galinheiros, ela afirmou que faltava agregar ao material a parte em que o tucano tinha defendido o incentivo a outros setores, como movelarias e fábricas de confecção.
O pedido foi atendido, mas a assessora não ficou satisfeita, afirmando que havia interesse em prejudicar o candidato. Além disso, questionou o método de trabalho dos profissionais do O POVO.
A íntegra, em que Marcos Cals fala em "estimular com dinheiro mesmo" pocilgas e galinheiros, pode ser conferida no portal O POVO Online. Nós recebemos, modéstia à parte, a maior comenda do sistema penitenciário, escolhida por unanimidade pelo conselho penitenciário.
Nós somos oposição por convicção, e eu vou continuar sendo de oposição para valer. Porque não acredito nesse sistema, não acredito nessa administração. Próximo candidato
Seguindo a ordem da penúltima pesquisa O POVO/Datafolha, o convidado de hoje do A Hora da Verdade é o candidato do PPL a prefeito de Fortaleza, André Ramos.
O candidato será sabatinado pelos jornalistas Plínio Bortolotti, diretor Institucional do Grupo de Comunicação O POVO; Demitri Túlio, repórter especial; e Magela Lima, editor-executivo de Cultura e Entretenimento. Multimídia
Confira a íntegra da entrevista no portal O POVO Online, em www.opovo.com.br
O projeto “A Hora da Verdade” é transmitido pela rádio O POVO/CBN AM 1010 e portal O POVO Online
Ouvintes podem participar, enviando perguntas pelo telefone (085) 3066.4030 )
Acompanhe a repercussão entre os internautas na página do O POVO Online no facebook.
Confira o Documento Debate em http://bit.ly/RH5M2E MediadorRuy Lima trabalha na TV O Povo há cinco anos, onde comanda o Grande Debate e o programa Memória Viva. Na rádio O Povo/CBN apresenta o programa Debates do Povo. Foi repórter e diretor de jornalismo da TV Manchete e da TV Jangadeiro, em Fortaleza. Foi chefe de redação e editor do Jornal Nacional da Rede Globo, no Rio de Janeiro. Em política, participou como repórter da cobertura da queda das ditaduras no Chile, no Paraguai, no Uruguai, na Argentina e no Brasil. Entrevistadores
Cláudio Ribeiro, 41, é formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Em 21 anos de profissão, já trabalhou em diversas investigações jornalísticas sobre desvio de dinheiro público. Está no O POVO desde 1995, onde já foi repórter, subeditor e editor de Cidades, repórter de Ciência&Saúde, editor de Primeira Página. Atualmente, é um dos editores do Núcleo de Reportagens Especiais.
Guálter George mistura palavras para transformá-las em notícias desde meados do ano de 1986, quando começou aqui mesmo no O POVO. É, atualmente, editor-executivo de Conjuntura, mas, antes, já foi repórter de Cidades e de Política, editor-executivo de Negócios e editor-adjunto de Conjuntura, além de Ombudsman. Entre idas e vindas, já acumula 17 anos de Casa.
Felipe Araújo, 35, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente, é editor-chefe de Cultura e Entretenimento do Grupo de Comunicação O POVO. Trabalha em redações desde 1996, tendo atuado em coberturas nas áreas de cultura, cotidiano, economia e política. Foi repórter especial e editor-adjunto de política do O POVO. Está em sua terceira passagem pelo jornal, onde se iniciou no jornalismo há 16 anos.