Comprando a briga
Quando patrocinou, semana passada, um fórum sobre saneamento básico, a Assembléia do Estado do Ceará mostrou que é possível uma discussão séria sobre um assunto tão grave, quanto importante para a vida brasileira. Sanear é plantar saúde, acha o mais simples observador da cena. E tudo é, queiram ou não, uma questão de política de governos. Ninguém é mais responsável que os comandos políticos em decisões que elevem o patamar de bem-estar do povo. A presidência de José Sarto, médico e com larga experiência na administração pública, vê, no projeto de discussão do tema, uma luz para alumiar o conjunto da obra. Mas é só governo, pergunto-lhe eu? Não! O povo tem sua parcela no processo. E dou um exemplo disso com conhecimento de causa. Uma das cidades mais propensas a doenças no Ceará é Juazeiro do Norte, onde esgotos a céu aberto cortam desde seu eixo central à zonas periféricas. Eu sei porque fui lá muitas vezes. Há caixas de coleta de esgotos e dejetos em muitas e muitas ruas, e é da responsabilidade do dono de cada imóvel, fazer a ligação por uma manilha que não chega a cinco reais. Mas o povo não liga. E não liga porque diz que não vai gastar dinheiro com o que seria uma obrigação do governo e porque se ligar vai ter que pagar pelo serviço. Aí, faz um rêgo é joga a merda no meio das ruas e com ela, a fedentina e a proliferação de doenças. Zé Sarto comprou a briga e nela estarão todas as pessoas de bom senso e de responsabilidade.