Valdomiro entregou a presidência do TCE para Edilberto Pontes, que agora faz o oposto em 2019
Foto: Camila Lima
Interrompendo uma tradição das últimas eleições, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) elegeu, ontem, o conselheiro Valdomiro Távora para presidir a Corte no biênio 2020/2021. Será o quarto mandato do ex-deputado estadual à frente da Corte de contas. Távora foi presidente nos biênios de 2006/2007, 2012/2013 e 2014/2015. Nos últimos anos, o vice-presidente é quem assumiu o comando do TCE na eleição seguinte. Valdomiro cumpria mandato como corregedor.
Eleito, Valdomiro afirmou que a meta para a sua quarta gestão "é dar continuidade ao trabalho (do conselheiro Edilberto), julgar mais, estar mais presente nos municípios".
O objetivo, segundo ele, "não é só punir", e sim "orientar os gestores". Ele destacou o Instituto Plácido Castelo no processo de formação dos prefeitos e secretários.
O presidente eleito adiantou que a política de fiscalização não deve sofrer alterações, apesar de 2020 ser um ano de eleição municipal - o primeiro de fiscalização do Tribunal aos municípios depois da extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). "O Tribunal, na forma que vem atuando, tem o intuito de manter as fiscalizações. A metodologia será a mesma, com o Tribunal cada vez mais presente no interior", diz.
Valdomiro também comentou sobre o orçamento do TCE. Chegando a R$ 193,8 milhões em 2018, a receita mais do que dobrou em relação a 2016: quando o valor era de R$ 80,4 milhões. Ele diz que "o orçamento dobrou porque veio o TCM, o grande orçamento também é de pessoal. Dobrou por causa da união dos dois tribunais".
Logo depois da eleição, ele anunciou que vai, a partir desta quarta-feira (11), colocar a equipe dele para analisar os números durante o processo de transição com o conselheiro Edilberto Pontes.
Desconforto
Pleiteando o posto de presidente, Rholden Queiroz, que é o atual vice-presidente, pediu aos colegas apoio para presidir a Casa. "Sou o conselheiro mais antigo que ainda não ocupou o cargo tão honroso de presidente. Seguindo esta tradição do Tribunal, eu me coloco como candidato natural à sucessão do presidente", disse antes da votação.
Rholden lembrou que o próprio presidente Edilberto Pontes e Valdomiro foram alçados a presidente logo depois que cumpriram mandato na condição de vice. Em discurso, o conselheiro prometia manter a "independência do Tribunal frente a qualquer interferência externa".
"Me considerava como o sucessor natural", disse Rholden depois da eleição. O conselheiro, de origem do Ministério Público de Contas, defendeu que o rodízio na presidência representaria a "diversidade" que constitui o colegiado. "É interessante essa diversidade, o rodízio", cobrou.
Rholden afirmou ainda que um dos desafios para a próxima gestão é consolidar de fato a unificação do TCM, já que "ainda há muita rusga entre os próprios servidores". "Somos todos um tribunal só, em prol de uma fiscalização mais efetiva. Estamos com tecnologia de ponta, temos a faca e o queijo na mão", completou.