Eleito vice-presidente do PDT em outubro, Cid deve assumir mais protagonismo
Foto: Lucas Barbosa
O pedido de licença do senador Cid Gomes (PDT) para tratar de interesse particular, antecipado, ontem, pelo site do Diário do Nordeste, agitou os bastidores da política cearense e se configurou como um dos mais importantes movimentos políticos do ano pré-eleitoral na Capital. Com cenário ainda indefinido na aliança governista, em que muitos nomes são especulados como candidatos, a saída do ex-governador para assumir a presidência estadual do PDT aponta para um movimento de início da estratégia do grupo político para organizar o partido, na Capital e no interior.
A publicação da informação causou uma grande movimentação das forças políticas estaduais nos bastidores. Centenas de versões e conjecturas passaram a ser feitas, considerando, inclusive, o fato de Cid assumir a presidência do PDT, em substituição a André Figueiredo, que foi eleito para o cargo no último mês de outubro. Na ocasião, Cid foi eleito vice-presidente da legenda.
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Figueiredo afirma que a substituição dele pelo senador não deve alterar a maneira como as decisões são tomadas dentro do diretório. “Nada muda na prática, porque todas as decisões que eu tomava enquanto presidente eram compartilhadas com ele e todas as decisões que ele tomar nessa interinidade na presidência nós tomaremos em conjunto”, projeta.
Com a licença do Senado, completa Figueiredo, Cid terá mais tempo para conduzir um processo de filiação de novos candidatos da sigla, em curso no Estado. “A licença do senador Cid veio ao encontro do desejo do PDT, (...) que está se organizando para disputar as eleições municipais em todo o Brasil como forma de alicerçar, não apenas enquanto PDT isoladamente, mas com outras forças políticas”.
A decisão de Cid é vista como importante por outros parlamentares pedetistas, principalmente para organização da legenda no interior do Estado. No horizonte, está a meta do partido de eleger, em 2020, entre 70 e 80 prefeitos e mais de 600 vereadores no Estado.
Reações
Alguns se surpreenderam quanto ao período que o senador escolheu para a licença. A maioria esperava o afastamento mais próximo ao período de campanha, algo similar ao que Cid fez quando era governador do Ceará e se licenciou para participar da campanha eleitoral de Roberto Cláudio na eleição para o primeiro mandato na Prefeitura de Fortaleza. A licença, porém, é considerada “natural” pelos correligionários.
“O senador Cid Gomes é o grande condutor da política no Ceará e agora é hora de a gente começar a preparar a sucessão dos municípios. A gente quer ampliar o número de prefeitos, então é importante porque ele vai ter mais tempo de estar perto das bases políticas do PDT e organizar essa sucessão prefeitural”, afirma o deputado estadual Sérgio Aguiar (PDT).
Para o também deputado estadual Evandro Leitão (PDT), o interior deve ser um dos principais focos de Cid Gomes na presidência do PDT. “Fortaleza é extremamente importante; agora, o interior do Estado requer tempo e ter mais paciência porque existe uma base aliada extensa”, diz. Leitão considera ser necessário “mergulhar um pouco mais” nos municípios mais distantes de Fortaleza, principalmente aqueles nos quais aliados do PDT, em âmbito estadual, são adversários municipais.
Diálogo
Para isso, completa o deputado federal Eduardo Bismarck, o diálogo com os aliados deve ser uma das prioridades da construção para as eleições de 2020. “O trabalho do senador vai começar por chamar os políticos de todos municípios do Estado para dialogar. E também viajar município a município para dialogar, às vezes com oposição e situação”, aponta Bismarck.
A ofensiva de outras legendas, como o PSD e o PL, a candidatos ou pré-candidatos às eleições em 2020, principalmente em municípios do interior, também está no radar de alguns parlamentares. “É algo que não deixa de preocupar. Na política, é preciso estar atento a diversas movimentações. Mas é natural que isto aconteça, porque os partidos (estão) querendo crescer”, considera Leitão.
Contudo, pedetistas negam que esta preocupação seria uma das razões para a licença de Cid Gomes. “Não é uma reação. Nas declarações dos próprios dirigentes desses partidos, as metas são bem limitadas. O que existe é um esforço do PDT para que esse projeto político, que tem dado resultado para a população, continue sendo ampliado para a população”, afirma o vereador Ésio Feitosa.
Candidatura
O deputado estadual Guilherme Landim (PDT) concorda. De acordo com ele, há um movimento inverso no PDT, no qual os políticos o procuram para filiações. “Há uma procura muito grande para estar no nosso partido e o Cid, com sua habilidade e toda a liderança que tem, vai fazer com que o partido possa equacionar esse problema e se fortalecer ainda mais”, aponta.
Uma candidatura do líder pedetista à Prefeitura de Fortaleza, no entanto, é considerada improvável pela maioria dos parlamentares. Enquanto alguns desconversam sobre o assunto, dizendo se tratar de uma resposta que poderia ser dada apenas por Cid Gomes, outros afirmam que uma candidatura do líder tem poucas chances de se efetivar.
“Ele gosta de apoiar novas lideranças, por isso vejo ele buscando um nome para construir esse consenso. Alguém que possa ser um bom prefeito. E essa construção não será apenas em Fortaleza, será em todos os municípios”, opina Eduardo Bismarck.
Movimentações para 2020
Capitão Wagner (Pros)
Principal nome da oposição ao atual Governo de Fortaleza, o deputado federal tem viabilizado diversos atos políticos na Capital. No último fim de semana, esteve em evento do Podemos, na Assembleia Legislativa. Ele quer reunir antigos aliados.
Carlos Matos (PSDB)
Ex-deputado estadual, não reeleito na disputa do ano passado, Carlos Matos tem feito atos na periferia da Cidade tentando viabilizar a candidatura no campo da oposição à Prefeitura. A direção tucana reforça que a indicação de Matos é irreversível.
Célio Studart (PV)
Eleito para a Câmara dos Deputados como o segundo mais votado em 2018, o deputado federal aposta na pauta da defesa dos animais para se consolidar como uma alternativa. Célio chegou a ser o vereador mais votado da história da Capital em 2016.
Geraldo Luciano (NOVO)
Indicado pelo partido a pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, ele dialoga com o setor empresarial da Capital para embarcar na disputa. Adotando um discurso de “novas posturas” na política, o executivo não tem alianças partidárias como prioridade.
Heitor Férrer (SD)
Candidato por três oportunidades, o deputado estadual tenta convencer o partido nacionalmente a bancar a sua candidatura mais uma vez. Tradicionalmente oposição ao grupo de Cid e Ciro Gomes, Heitor dialoga com outras lideranças da oposição.
José Sarto (PDT)
Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado José Sarto tem buscado protagonismo como chefe do Poder Legislativo para se cacifar como uma opção ao grupo político. Próximo ao prefeito Roberto Cláudio, Sarto trabalha pela unidade do campo.
Luizianne Lins (PT)
Prefeita da Capital por dois mandatos, a deputada federal continua sendo um dos nomes lembrados da oposição para a disputa ao Executivo. Dentro do partido, porém, surge o nome do vereador Guilherme Sampaio para disputar a indicação da legenda.
Renato Roseno (Psol)
Deputado estadual reeleito, Renato é um dos nomes cotados pelo Psol a uma nova candidatura ao Paço Municipal. Fazendo oposição à esquerda, a sigla deve anunciar o nome do parlamentar em janeiro de 2020. Roseno já disputou o Governo do Estado.
Samuel Dias (PDT)
Secretário municipal de Governo, Samuel Dias é um dos nomes ligados ao prefeito Roberto Cláudio. O nome dele é ventilado como um dos possíveis entre os postulantes ao Paço na eleição do ano que vem. Tem posição de prestígio no Governo Municipal.