A maioria dos parlamentares demonstra apoiar medidas de endurecimento de regras nos presídios do Estado
Foto: José Leomar
Os recentes ataques criminosos no Estado dominaram os discursos, ontem, na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal de Fortaleza. Entre os deputados, ainda que tenham sido feitas críticas e cobranças ao Governo do Estado, principalmente na área de inteligência, opositores se uniram a aliados em torno do rigor do Executivo na política de combate às facções criminosas. Parlamentares apoiaram, na maioria, o endurecimento das regras nos presídios.
O líder do Governo, deputado Júlio Cesar Filho (Cidadania), puxou o debate. Na tribuna, chamou os ataques de “covardes” e reforçou discurso do governador Camilo Santana (PT) de que as ações criminosas são “reação” ao “forte” trabalho de enfrentamento do Estado à criminalidade.
“Estamos no décimo mês de queda consecutiva nos homicídios. A queda de agosto foi de 47%; em Fortaleza foi de 60%. Talvez por isso esses bandidos faccionados estão tentando pressionar o Estado com esse terrorismo. Quanto mais tentarem de forma covarde atrapalhar o cotidiano da vida dos cearenses, mais vão ter uma ação dura do Estado”.
Ponderações
O parlamentar listou estratégias adotadas pelo Governo para combater os ataques e antecipou a solicitação do Governo do Estado à União de 200 rádios para facilitar a comunicação entre os policiais. Júlio César evitou falar da necessidade de solicitar a vinda da Força Nacional de Segurança, mas disse que todas as possibilidades são avaliadas. Ainda ontem, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) disse que parlamentares da bancada cearense no Congresso tentam articular reunião com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para discutir ações no Ceará.
Ao apartear a fala do líder do Governo, o deputado Vitor Valim (Pros) disse que não cansa de fazer “rasgados” elogios ao trabalho do secretário de administração penitenciária, Mauro Albuquerque, nos presídios. Por outro lado, cobrou a implementação de outras medidas na área. “Se tivesse o Disque Denúncia funcionando a contento, a Lei da Recompensa, estaríamos sentindo melhor a segurança no nosso Estado”, citou.
Vereadores
Já na Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Sargento Reginauro (Sem Partido) afirmou que a volta dos ataques “em menos de dez meses” da segunda gestão de Camilo Santana demonstra “o quão frágil é a nossa política de Segurança Pública”. “(Estão) Trabalhando só no combate ostensivo e repressivo dessa criminalidade, sem os devidos aparatos de inteligência para que os líderes dessas facções sejam colocados atrás das grades”, criticou.
Líder do Governo, Ésio Feitosa (PDT) disse esperar que o episódio não seja utilizado para fazer demarcação política. “O que está acontecendo não é por omissão do poder público. Pelo contrário, é porque o poder público tem chegado junto ao combate efetivo da criminalidade no Ceará”.
Apesar de discordar da redução da frota de ônibus na Capital por entender “não ser o momento de deixar a população esperando nas paradas”, Guilherme Sampaio (PT), por sua vez, afirmou que a função do Legislativo é “manifestar integral apoio e solidariedade” e caracterizou a ação do Governo do Estado como “ousada e corajosa”.