Deputados estaduais voltaram, ontem, a travar um embate sobre ações prioritárias e indicadores do governo Camilo Santana. Ao usar a tribuna, o plenário da Assembleia Legislativa, o deputado Heitor Férrer (SD) considerou como “péssimos” e “vergonhosos” os indicadores sociais que o estado do Ceará detém.
De acordo com o parlamentar, dados registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 45% dos cearenses vivem abaixo da linha da pobreza, representando uma população de mais de quatro milhões de pessoas. “Quando o Governo do Estado vem exaltar o seu equilíbrio fiscal, a sua capacidade de investimento, parece não se atentar ao paradoxo em relação ao que vivenciamos no dia a dia”, salientou Heitor Férrer.
Na avaliação do deputado, basta analisar o perfil dos indicadores sociais para se constatar que a “ilha de prosperidade” propagada pelo Estado não existe na prática. “Acho a política de construção de areninhas extraordinária, mas me pergunto se ela está associada à construção de escolas em tempo integral, ao saneamento básico, à oferta de água e moradia”, apontou o deputado.
Segundo Heitor, o Ceará é o terceiro estado com mais pobres no País. “Só estamos à frente de Maranhão e de Alagoas neste quesito, o que é um dado que nos envergonha e nos torna um mau exemplo para o Brasil”, ponderou.
Ele comentou que a situação se arrasta há 15 anos, com o modelo de gestão dos últimos governos. “Cadê o emprego e renda, o esgotamento sanitário e a evolução social do Estado, que a cada dia é mais desigual?” questionou.
Saúde
O parlamentar, no entanto, ressaltou o investimento de R$ 600 milhões para a saúde do estado do Ceará. O parlamentar comemorou a verba extra e assinalou que foi anunciado um pacote de ações para a saúde pelo governador Camilo Santana. “Será uma série de medidas previstas, entre elas, a implantação do Registro Eletrônico de Saúde, que deve interligar a rede do setor no Estado, o Plano de Atenção Básica, além de ampliação e construção de unidades de saúde”, acrescentou.
Heitor Férrer observou que a medida vai ajudar a resolver diversos problemas enfrentados na saúde pública. “Parabenizo o governador e também o secretário da Saúde e médico, doutor Cabeto, que está fazendo um bom trabalho frente à pasta”, afirmou.
Prioridades
Em contraponto às críticas de Férrer, o deputado Júlio César Filho (Cidadania), líder do Governo na AL, ressaltou diversas medidas que o governador Camilo Santana tem aplicado, que visam a melhoria da educação, saúde, e segurança pública do Estado.
Júlio César considerou, primeiramente, prioridades do Governo, que seriam gerar emprego e renda. “Mas para isso é preciso haver qualificação, para que o cidadão possa conseguir o emprego, então o Ceará precisa investir em educação, e nisso somos referência nacional e internacionalmente”, disse.
O deputado afirmou que isso é um fato que pode ser observados nos índices de Educação do Estado, e reforçou que é por meio da educação que se reduz a pobreza. A construção de escolas e valorização dos profissionais do magistério, conforme observou, está entre as prioridades desse governo. “Basta lembrar que, semana passada, votamos um projeto que equipara o salário dos professores ao piso nacional. Qual Estado está em condições de fazer isso?” questionou.
O parlamentar defendeu ainda a política de implantação de Areninhas no interior do Estado. Para ele, é o equipamento que proporciona cultura e lazer e promove a prática do esporte para jovens.
Sobre segurança pública, Júlio César destacou a queda do número de homicídios, desde fevereiro deste ano. Ele lembrou os ataques de facções em janeiro, e como Camilo Santana se articulou junto ao Governo federal no sentido de conter os ataques. “Isso é reflexo do trabalho de um gestor responsável, e desde então esses números estão em queda, mês a mês”, frisou.
Também em defesa do governo, o deputado Acrísio Sena (PT) apontou que Heitor Férrer esqueceu de contextualizar o cenário onde se formam esses indicadores sociais. Ele lembrou que o País vive uma crise econômica, e que o problema da pobreza não é particular do Ceará, “mas sim um problema secular enfrentado pelo Nordeste e que vem piorando consideravelmente desde o impeachment de Dilma Rousseff”.
O deputado Carlos Felipe (PCdoB) também lembrou que nenhum país resolve problemas de segurança apenas com aparelho repressor. “Um preso vale R$ 40 mil ao ano, enquanto um estudante apenas R$ 2 mil, por aqui vemos que é melhor prevenir. País nenhum conquista equilíbrio social e humano investindo apenas em repressão”, apontou.
O deputado Tony Brito (Pros) também mencionou o encontro em que o governador, segundo ele, reforçou o compromisso de tornar a Polícia Civil do Ceará a melhor do País. O governador considerou, conforme o deputado, que a melhoria de uma instituição se passa pela melhoria da qualidade de trabalho de seu pessoal. “Ele sabe que não adianta viatura importada nem delegacia de vidro, então ele reafirmou seu compromisso com a valorização dos profissionais, e sabemos que cumprirá com sua promessa”, afirmou.