Denúncia de André Fernandes é esclarecedora
A apresentação da denúncia de André Fernandes (PSL) sobre o envolvimento de um deputado estadual com facção criminosa foi muito importante. No primeiro momento, ficaram interrogações sobre qual a solidez de tão grave acusação do parlamentar do PSL. Ontem, a revelação da denúncia contra o deputado Nezinho Farias (PDT) acabou as dúvidas e deixou evidente: a acusação tem a consistência de uma gelatina com excesso de água. Pode até ser que o deputado do PDT tenha algum vínculo com facção, mas nada do que o parlamentar do PSL apresenta sugere fundamento em acusação tão grave.
Ainda faz uma confusão entre jogo do bicho com videogames. Isso ao se referir a projeto de lei sobre e-sports que, segundo Fernandes, teria objetivo de lavar dinheiro pelo jogo do bicho. Pode até ser, mas a denúncia não parece ter pé nem cabeça. Com o detalhe de que o próprio Fernandes chegou a votar a favor da medida na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Assembleia Legislativa.
O perfil parlamentar
André Fernandes demonstra querer se firmar como deputado crítico, combativo e que denuncia o que existe de errado. Ótimo. O perfil faz falta. E, pelo histórico das casas parlamentares do Brasil, matéria-prima não falta.
Ocorre que, para isso, precisa ter rigor, critério. Buscar fundamentos consistentes e só tornar o assunto público quando tiver elementos sólidos. Sob pena de cometer injustiça. É imprescindível agir de forma consequente e com responsabilidade.
Para construir uma trajetória parlamentar de quem denuncia o que há de errado, não basta querer vestir esse figurino. É preciso ter trabalho exaustivo e método.