A divulgação da suposta troca de mensagens entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Operação Lava Jato, repercutiu, na manhã desta terça-feira (11), na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) e na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor). Na AL, enquanto deputados do PT pediram a anulação da condenação do ex-presidente Lula, aliados do governo federal acusaram o vazamento de "trama criminosa".
Nas conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil, no último domingo (9), Moro, quando era o juiz responsável pela Operação em Curitiba, teria sugerido testemunhas de acusação para o processo do tríplex de Guarujá, em que Lula foi condenado e está preso há mais de um ano.
Durante discurso no Plenário da AL, o deputado Acrísio Sena (PT) colocou em xeque a imparcialidade do então juiz Sérgio Moro no processo. "Se o uso da máquina do setor judiciário prejudica um ex-presidente da República, o que se poderá fazer, dentro do descontrole, com um cidadão comum? Gostaria de pedir à Justiça que anule esse processo".
Delegado Cavalcante (PSL), aliado do Governo Bolsonaro, subiu à tribuna para defender o ministro Moro e chamou de ação criminosa o hackeamento dos celulares dos procuradores. "Isso foi tudo programado, entrarem ilegalmente no celular de uma autoridade. É mais uma ação para desacreditar quem está colocando ordem nesse país. É uma trama criminosa, para tentar soltar o ex-presidente Lula".
Na Câmara Municipal, alguns vereadores criticaram a troca de mensagens entre Moro e os procuradores, outros demonstraram preocupação com o que pode vir a acontecer com a Operação.
Os petistas Guilherme Sampaio e Ronivaldo Maia partiram para o ataque à Operação Lava Jato e pediram a nulidade dos processos contra o ex-presidente Lula. "Sérgio Moro vai para a lata do lixo da história" disse o vereador Guilherme Sampaio.
Já Ronivaldo Maia chamou o atual ministro da Justiça e Segurança Pública de "bandido". "Sérgio Moro é um bandido de toga. Um bandido, bandido!", esbravejou o petista da tribuna.
Sargento Reginauro (sem partido) se disse preocupado com o que possa acontecer com a Operação Lava Jato. De acordo com o vereador, o momento é de cautela e de se "evitar o FlaXFlu ideológico".
O vereador Evaldo Lima (PCdoB) também criticou o conteúdo das mensagens e disse que o Estado Democrático de Direito estava ameaçado. Para o comunista, Sérgio Moro atuou "como inquisidor".