A personagem quase ausente
No primeiro dia de horário eleitoral dos candidatos a vereador, os concorrentes abusaram da exposição dos apoiadores. Imagens de Cid Gomes (PSB), menções a Lula, Dilma Rousseff (ambos do PT), Marina Silva (sem partido), Eunício Oliveira (PMDB), sem falar dos deputados Ferreira Aragão (PDT), Lucílvio Girão (PMDB), Artur Bruno (PT), Ely Aguiar (PSDC). O forrozeiro Wesley Safadão apareceu, pedindo voto para Wellington Saboia, apresentado como seu amigo e “o vereador do Safadão”. Até um anônimo apareceu como apoiador de Michel Cavalcante (PPS), dizendo-se favorecido pelo trabalho do candidato na luta contra as drogas. Diante de rol tão eclético, chama atenção a quase absoluta ausência de Luizianne Lins, ao menos no programa da tarde. Prefeita da cidade há oito anos, presidente estadual do PT e com apoio de algo em torno de 30 dos 41 parlamentares, ela foi omitida quase por completo. Não falaram dela nem para criticar. O mais longe que se chegou nas menções foi na aparição de Ronivaldo Maia (PT), que se identificou como “líder da prefeita”, mas sem falar o nome de Luizianne. No fim da fala de Antonio Ibiapino (PT), até apareceu um fantoche de uma loura vestida de vermelho, que dizia: “Dito e feito”. Foi o mais longe que se chegou de menções à prefeita. Não foi citada nem por Guilherme Sampaio e Acrísio Sena (ambos do PT), que antecederam Ronivaldo na liderança. Vários outros postulantes citaram funções exercidas na Prefeitura, mas sem qualquer alusão à gestora que os nomeou. Na apresentação de Sônia Braga (PT), ela fala do “poder transformador” da mulher e mostra imagens de Dilma e, veja só, até da ex-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva. Nada da prefeita da cidade, que vem a ser do mesmo partido dela.
NOTAS DO HORÁRIO ELEITORALTrês candidatos ligados a igrejas cristãs fizeram alusão a programas radiofônicos que apresentam – Paulo Mindello (PSB), Pastor Reginaldo Rolim (PR) e Fátima Leite (PRTB).
O programa do PCdoB abriu com menção ao apoio do partido a Lula e Dilma. Inácio Arruda (PCdoB), candidato da legenda, ficou relegado a discreta imagem no canto superior direito e não mereceu uma frase sequer. E não deixa de ser estranha a nova cor verde. O tradicional vermelho ficou relegado à camisa de alguns candidatos.
À parte isso, em termos de linguagem, o programa do PCdoB foi o mais criativo. Ao invés de cada um tentar vender seu próprio peixe, todos os candidatos construíram partes de uma mensagem única. Forma inteligente de aproveitar o pouco tempo e tentar aprofundar um pouco mais o conteúdo.
O horário do DEM não usou foto de Moroni Torgan. Apenas o nome, o número e a frase que deve virar marca da campanha: “Agora é Moroni”. Alusão necessária ao “Agora é Lula” de 2002. Procura reforçar a ideia de que, após seguidas derrotas, agora é a vez dele.
No tempo do PMDB, os únicos vereadores do partido que não apareceram foram Carlos Mesquita e Marcus Teixeira. Os dois chegaram a participar de ato da campanha de Elmano de Freitas (PT), enquanto o candidato do partido é Roberto Cláudio (PSB). Ficou com cara de retaliação.
O programa do Psol partiu de premissa interessante. Destacou o trabalho do único parlamentar da sigla, João Alfredo, e disse que, com mais representantes, pode fazer mais. Entretanto, transmitiu impressão de enfoque exagerado no parlamentar que busca a reeleição. Os demais foram mostrados, mas não disseram uma palavra, nem apareceu o nome ou número de qualquer deles. Quando eram mostrados, moviam os lábios, enquanto João Alfredo falava. Efeito ficou estranho.
O candidato Sérgio Angelo (PSC) destacou a família e apareceu ao lado de seus parentes. Caso eleito, que não os leve também para a Câmara Municipal.
Se Luizianne não foi citada nem para falar mal, o governador Cid Gomes foi criticado por Nestor Bezerra (PSTU), que questionou os R$ 3 milhões no show de Plácido Domingo, no Centro de Eventos. E lembrou que não houve menção aos trabalhadores que morreram durante a obra.
No primeiro dia na TV, o primeiro slogan candidato a pérola desta eleição partiu de Elpídio Luiz, do Partido Verde: “Ideias verdes, atitudes maduras”.