Em busca da simpatia dos eleitores, candidatos a prefeito de Fortaleza atiram para todos os lados com promessas criativas, algumas mirabolantes, simples ou de complexa execução. Entretanto, é raro incluírem no discurso explicações sobre como viabilizá-las. O POVO questionou sete concorrentes sobre o custo de implementação de algumas de suas principais propostas, com base no que foi apresentado por eles no caderno Documento Debate, publicado na edição do último dia 5. Nem todos, porém, parecem ter clareza sobre o preço que cada ideia cobraria aos cofres públicos.
Líder isolado nas pesquisas de intenção de voto, Moroni Torgan (DEM) foi o único que não respondeu às perguntas enviadas por e-mail, na última semana, sobre o valor das promessas. Um dos focos do candidato é a segurança pública, com expectativa de ampliação do efetivo da guarda municipal para cinco mil homens e criação de 25 patrulhas de “pronta intervenção de alta tecnologia”, para citar algumas.
ValoresEm outra frente, houve prefeituráveis que demonstraram ter noção sobre os caminhos financeiros necessários para transformar as ideias em realidade, mas que não deram detalhes sobre o custo de suas promessas. Foi o caso de André Ramos (PPL) e Marcos Cals (PSDB). Este último diz apostar em Parcerias Público Privadas (PPPs), na ampliação do percentual do orçamento destinado a investimentos e, ainda, na captação de empréstimos, como forma de tirar os projetos do papel. Em um cálculo genérico, Cals afirma por meio de sua assessoria que, com isso, conseguiria algo em torno de R$ 500 milhões ao ano para investir. Porém, não houve resposta sobre quanto custariam os projetos “Cidades dos Serviços” e “Ônibus-Metrô”, por exemplo.
Um terceiro grupo de candidatos, formado por Roberto Cláudio (PSB), Elmano de Freitas (PT), Inácio Arruda (PCdoB) e Heitor Férrer (PDT), conseguiu avançar nos cálculos. Entretanto, nem tudo parece fazer parte da realidade. Defensor da construção de um novo hospital do porte do Instituto Doutor José Frita (IJF), Heitor disse que pretende gastar cerca de R$ 70 milhões para construir e equipar a nova unidade e mantê-la com um custeio mensal de R$ 3 milhões. O valor choca com o que diz a Prefeitura de Fortaleza, que afirma gastar cerca de R$ 19 milhões para manter o Hospital.
A campanha de Elmano também demonstrou contradições. O candidato disse pretender investir R$ 54,4 milhões por ano para manter o dobro do número de creches em Fortaleza, que hoje somam 139 unidades. O candidato não lembrou, porém, que para erguer uma creche é necessário desembolsar, em média, R$ 1,2 milhão, de acordo com a própria Secretaria Municipal de Educação – o que significaria R$ 166,6 milhão.