A trincheira que o Ceará se torna
Sinalizações políticas importantes surgem da atual crise da segurança pública. A parceria entre o Governo do Estado e o Governo Federal, apesar das divergências políticas e partidárias, e o apoio de vários estados que mandaram policiais em socorro do Ceará são indicativos também para os criminosos. Os gestos mostram às facções a disposição dos vários entes federativos de se unirem contra elas.
A ação dispersa, pulverizada dos órgãos públicos, ajuda o crime. Picuinhas politiqueiras jogam a favor das facções. O enfrentamento conjunto é a única alternativa para combater organizações que atuam em rede e têm abrangência até internacional.
O efeito dos ataques periga se espalhar em cadeia. Já aconteceu antes. O Ceará sofreu antes consequências de conflitos que começaram no Amazonas, por exemplo. Se a crise aqui não for contida, pode respingar em outros lugares. Até por isso a importância da aliança interestadual contra os criminosos. O indicativo de que haverá uma resposta conjunta.
Motivo pelo qual, também, a reação precisa ser firme e implacável. A transferência de chefes de facções, o isolamento de comunicações dentro dos presídios é crucial. O recado precisa ser dado.
A colaboração entre o governo petista de Camilo Santana e a administração Jair Bolsonaro (PSL), a despeito de algumas declarações atravessadas, também é importante. Qualquer divisão em relação a esse assunto ajuda os criminosos. Indicativo de que a política pode ser obstáculo ao entendimento é sinal para eles de fragilidade do poder público.
A Assembleia Legislativa também deu indicativo importante. Ao se reunir no recesso, num sábado, ao longo de mais de seis horas. Houve muito debate, discordâncias. Mas, ao final, chegou-se a texto aprovado por unanimidade. Essa sinalização também é importante. As facções precisam perceber que todos os entes do Estado trabalharão em conjunto contra elas.
Assembleia em raro, e importante, momento no qual não houve um voto divergente sequer EVILÁZIO BEZERRA
O momento é absolutamente crucial e inadiável. O Ceará é agora trincheira de um combate muito além de suas divisas. A onda de violência refluiu, mas esse não é momento de interromper o enfrentamento, ao contrário. É preciso persistir para atacar e desestruturar os alicerces das facções. O momento é, nacionalmente, estratégico para combater esses grupos criminosos.
Calhou de a ocasião se dar em um estado administrado pelo PT. No momento em que Bolsonaro é presidente. Camilo é governador porque a população assim decidiu. Pelo mesmo motivo Bolsonaro é presidente. Por vontade democrática cabe a eles liderar esse momento chave.