A Operação Graham Bell, deflagrada na manhã de ontem em Juazeiro do Norte, aponta desvio de dinheiro das Secretarias da Educação e da Saúde da Prefeitura do Município, em benefício do financiamento da candidatura do deputado federal eleito Pedro Bezerra (PTB), filho do prefeito José Arnon (PTB), e também de deputados estaduais, informou a Polícia Federal em entrevista coletiva. Os nomes dos deputados estaduais não foram revelados.
Realizada com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e da Justiça Eleitoral, a Operação apreendeu R$ 159 mil, identificou casos de coação grave de eleitores, associação criminosa, desvio de verbas públicas para fins eleitorais e tráfico de influência. De acordo com a Polícia Federal, o afastamento de agentes públicos foi solicitado e está sob análise do juiz eleitoral.
De acordo com a CGU, o superfaturamento nas Secretarias da Educação e da Saúde ocorria de duas formas. A primeira pela não entrega do produto; a segunda pela cobrança acima do esperado.
A OPERAÇÃO resultou na apreensão de R$ 159 mil Divulgação/PF
A PF cumpriu os 17 mandados de busca e apreensão. Foram realizadas ações na sede Prefeitura de Juazeiro do Norte, na Secretaria do Meio Ambiente do município, na Fundação Leandro Bezerra, além da casa de secretários e empresários em Barbalha, também no Cariri. Buscas e apreensões também aconteceram em Viçosa do Ceará, Fortaleza e em um hospital ligado à Fundação Leandro Bezerra no Crato.
As investigações apontam organização criminosa com participação de pessoas ligadas à prefeitura de Juazeiro do Norte, secretarias municipais da Cidade e empresas prestadoras de serviço.
De acordo com a PF, agora, o material apreendido será analisado e deve resultar em novas fases da investigação. A CGU identificou elementos de desvio de verbas tanto com crimes conexos ao eleitoral e contra a administração pública, e acrescentou que, eventualmente, serão instaurados outros inquéritos.
A Operação Graham Bell segue os trabalhos da primeira fase, chamada Voto Livre, realizada na véspera do primeiro turno das eleições 2018, no dia 6 de outubro. Material apreendido na primeira fase da Operação culminou na identificação de organização criminosa. À época foram apreendidos telefones e computadores, que forneceram material e motivação para a deflagração da segunda fase.
A análise dos dados levou à comprovação da "prática de vários crimes eleitorais, entre eles desvio de verbas públicas para caixa 2 e outros conexos, para garantir a eleição do candidato", conforme a Polícia Federal.