Camilo Santana já tem nas mãos proposta de ajustes no governo
Alex Gomes/ Especial para O POVO
Em reunião a portas fechadas de mais de dez horas, Camilo Santana (PT) recebeu neste fim de semana um conjunto de propostas que prometem aprofundar o ajuste fiscal do Estado a partir de janeiro. Apresentado pelo secretário Maia Júnior (Planejamento), o plano passa pelo enxugamento da máquina e terá palavra final do governador nos próximos dias.
"Temos que fazer essa mudança para a manutenção sobretudo de uma coisa importante, que é o ajuste fiscal", diz Maia Júnior, que guarda a sete chaves detalhes sobre o que será atingido pela "tesoura" - como possível redução de secretarias ou até restrições a servidores. "Não posso adiantar nada até o governador decidir. Mas concluímos essa etapa".
Apesar de não confirmar cortes de pastas, o secretário classificou como "necessárias" medidas prometidas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) - que, entre outras, quer reduzir de 29 para 17 número de ministérios. "O estado brasileiro vive, de forma geral, um momento delicado. O problema fiscal é nacional".
O estudo foi apresentado sábado passado ao governador e um grupo de secretários da área econômica. O encontro ocorreu no Palácio da Abolição, em reunião das 10h até as 20 horas.
No início deste mês, o próprio Camilo confirmou ter encomendado consultoria de olho na reestruturação da máquina estadual. "Não é só o tamanho do Estado, é também o número de secretarias e servidores públicos, fazendo o planejamento para garantir mais efetividade, resultado e eficiência ao serviço público", disse o governador.
À frente do estudo, Maia Júnior concorda: "O Ceará ainda é um dos estados mais equilibrados, mas isso não quer dizer que não temos que fazer ajuste (...) nosso desafio é manter o potencial de investimento", avalia, evitando falar sobre como será a dimensão de indicações políticas no novo governo. "Estou no governo como técnico".
Atualmente, a gestão Camilo mantém 26 secretarias de Estado, diversas com indicações políticas. Na eleição deste ano, o governador reeleito contou com apoio de 24 partidos. Até agora, boatos falam sobre corte de até 11 pastas, mas sem confirmação oficial.
Mais próximo da articulação política do governador, o líder do governo na Assembleia, Evandro Leitão (PDT), evitou antecipar detalhes sobre mudanças, mas destacou que a composição política será levada em consideração nos ajustes. "O governador deverá levar em consideração a meritocracia, mas também acomodações políticas que tiver que fazer", diz.
REPLAY
Em 2015, Camilo reproduziu no Ceará estrutura do 1º escalão de Dilma Rousseff (PT). A ideia era que cada titular do Estado negociasse diretamente com o ministro da área
CARLOS MAZZA