Discrição absoluta
A educação política cearense, entre uma certa classe, claro, tem aprendido muito com aquilo que ensinavam Tancredo Neves e Magalhães Pinto. Absolutamente discretos e “mocós”, como dizemos por estas bandas de cá, um dia, Tancredo encontrou Magalhães no velho aeroporto da Pampulha. Adversários ferrenhos de PSD e UDN, se falavam com doçura e mistério, quase em tom de patrulhamento cordial. – Magalhães, disse Tancredo, pra onde vai o amigo? Magalhães responde – Vou ao Rio. Negócios no Governo. E se despediram. Quando Magalhães Pinto deu as costas o doutor Tancredo, mais matreiro que todos, cochichou a um companheiro: o Magalhães disse que ia pro Rio pra eu pensar que ele vai pra São Paulo, quando vai mesmo é pro Rio. E assim, vimos agindo no Ceará. Há nomes explícitos, nomes incubados, nomes no armário, tudo pra todo gosto, sonhando com a presidência da Assembleia Legislativa, mas ninguém se move. Todos são algodão entre cristais. Quem quer se faz de morto, quem não quer abre sorrisos esperançosos e quem acha que pode sobrar uma ponta, nem que seja no mais humilde lugar da mesa, se finge de morto, que nem aquele papagaio da piada do urubu.