Amargando desempenho consideravelmente inferior ao de eleições passadas para o Executivo e para o Legislativo, o PSDB passa por período de incertezas. Lideranças nacionais e estaduais avaliam o momento como infeliz, que periga perder integrantes de peso como o prefeito de Manaus Arthur Virgílio, um dos fundadores.
Em entrevista publicada pela Folha de São Paulo na última sexta-feira, 12, o senador Tasso Jereissati, ex-presidente nacional do PSDB, reconheceu a gravidade da situação, afirmando que "é um momento bem difícil" para o partido.
O tucano também declarou que no segundo turno das eleições presidenciais, a legenda não apoiará as candidaturas de Bolsonaro (PSL) ou Haddad (PT). "O PSDB não vai apoiar nem um nem outro, e a expectativa é que qualquer um que ganhe nós sejamos oposição. É a minha visão," afirmou à Folha.
Já o deputado estadual Carlos Matos, ex-presidente estadual do PSDB, considera que diante de tal derrota é impossível não haver muitas feridas no partido. Segundo ele, os resultados foram compatíveis com uma sequência de erros graves. Matos também expandiu a avaliação para além do processo eleitoral. "Tem que separar o que é ferida da campanha e o que é estrutural do partido. Tem muita gente insatisfeita," declarou.
O deputado afirmou que o partido ainda não está fazendo negociações e elaborando estratégias para lidar com o abatimento. Entretanto, fez suposições: "Eu imagino que o PSDB sai rachado dessas eleições. Imagino que saí uma costela do PSDB com aquelas pessoas que têm uma conduta séria e que nunca se envolveram em nada e querem um partido com uma atitude diferente".
A queda no desempenho ocorreu em diversas instâncias. No primeiro turno da corrida para a presidência, o candidato tucano Geraldo Alckmin ficou em quarto lugar, com apenas 4,8% dos votos válidos. Foi o pior desempenho de um presidenciável da sigla desde a redemocratização.
Já nas votações para o governo do Ceará, o tucano General Theophilo foi opção de somente 11,3 do eleitorado, alcançando um segundo lugar consideravelmente distante de Camilo Santana, reeleito com 79,95% dos votos. A situação também é desvantajosa em outros estados, das 12 candidaturas do partido, nenhuma venceu no primeiro turno e apenas cinco ainda estão na disputa.
No Congresso os resultados também foram desfavoráveis ao partido. A bancada da Câmara diminuiu de 49 para 29 deputados federais. No Senado serão oito representantes, três a menos que os 11 que atualmente ocupam cadeiras na Casa.
NAIANA GOMES