A disputa pela segunda vaga da bancada cearense para o Senado Federal foi a mais acirrada no Ceará. O candidato do Pros, Eduardo Girão, derrotou o atual Presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), faltando pouco mais de 2% das urnas a serem apuradas.
Desde o início da apuração, Girão permaneceu em segundo lugar, atrás de Cid Gomes (PDT). O empresário chegou a ter uma distância de 5 pontos percentuais em relação a Eunício, mas com todas as urnas apuradas, a vantagem entre os dois ficou de menos de 0,2 ponto percentual, o que equivale a 11.993 votos.
O candidato eleito afirmou que esperava vencer Eunício. Para ele, que fez parceria com o Capitão Wagner, "a verdade, os valores da família e a cultura de paz triunfaram" contra a corrupção e a falta de ética na política.
"Então, ela (a população) deu a resposta. Era chegada a hora. Vou trabalhar muito para trabalhar pelo meu semelhante, por gratidão a Deus. Foi feita a vontade de Deus para mim. Jesus está no comando", afirmou Eduardo Girão.
Resultado não previsto por nenhum dos institutos de pesquisa, a derrota de Eunício Oliveira, mesmo com o amplo apoio do governador Camilo Oliveira (PT), é explicado pelos novos desejos do eleitorado. "Nós estamos em uma eleição muito anti-sistema e o MDB é muito sistema", explica a cientista Paula Vieira, do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia.
O apoio, mesmo que tardio, de Eduardo Girão ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) também pode ter tido papel crucial nesse processo. "Temos uma grande onda que está sendo encabeçada pelo Bolsonaro. Nós vamos ver perfis bem conservadores em todo o Congresso", acredita Paula Vieira.
Eleito para o primeiro cargo público, ainda é complicado prever a postura de Eduardo Girão, afirma a cientista política. "(Ele) Tem pouca maturidade. Pouca nenhuma. (Ele) Não conhece o jogo político", ressalta. Mesmo com essa reviravolta, Paula Vieira não acredita que o Ceará não deve sofrer grandes impactos. Segundo ela, toda a bancada cearense deve dialogar bem com o Governo Estadual do Ceará.
Eunício Oliveira, por outro lado, deve sentir maior repercussão dessa derrota em sua vida política, afirmam os especialistas. "Não sei como ele pode se recuperar. O que vai restar pra ele? Ele tem uma grande perda", destaca Paula Vieira.
Emanuel Freitas aponta que, apesar disso, ele prossegue uma liderança importante. "Ele tem uma força política considerável, a conjuntura (é que) não foi favorável a ele", aponta.
LUANA BARROS