O novo protagonista
O futuro que se prenuncia para a oposição é Capitão Wagner (Pros). É fortíssimo, sem dúvida. Deverá ser eleito deputado federal. Porém, sozinho ou quase, não é capaz de muito. Com um complicador: sai da cena local. Há mais de 30 anos, nenhum protagonista da política estadual se projeta a partir de Brasília. Maria Luiza, Ciro Gomes, Juraci Magalhães, Luizianne Lins e Roberto Cláudio todos atuavam no dia a dia do Estado. O mais próximo de exceção foi Lúcio Alcântara (PSDB). Era senador quando se elegeu governador. Mas, contava com o apoio do então todo-poderoso Cambeba. E quase perdeu.
O pendor ao governismo
A configuração política do Ceará tem inclinação ao governismo. Mais que isso, à perpetuação. Ciclos de poder duram até a exaustão. Até caírem de maduros. Foi assim com a oligarquia Accioly, o triunvirato dos coronéis, a era Cambeba, a era Juraci. Todos períodos que persistiram até o esgotamento.
Isso ocorre pelo perfil de partidos e parlamentares que não sabem fazer política sem o poder ao seu lado. A essência do trabalho é agir nos corredores palacianos em busca de benesses dos governos. Obviamente, não é saudável.
Quando oposição, o PT ainda resistia à adesão ao governo. E por pouco. Em 1994, a aliança com Tasso no Ceará chegou a ser firmada, com a bênção de Lula. Melou de última hora.
Ocorre que, quando o PT se tornou governista, no governo Cid Gomes (PDT), não ficou quase ninguém disposto a fazer oposição. O próprio Tasso aderiu ao cidismo, no começo. Ficaram o Psol de um lado e o então derrotado Lúcio Alcântara do outro. O Psol persiste, o PSDB rompeu a fórceps e surgiu Wagner. E Heitor Férrer (SD), que há algum tempo não brilha como nos velhos tempos na Assembleia Legislativa.
A esse punhado se resume a oposição na última década. Não é bom para ninguém. Sai caro até para o governo.