O candidato a governador Ailton Lopes (PSOL) defende uma inversão de prioridades e participação da população nas decisões de eventual governo, caso seja ele eleito chefe do Poder Executivo Estadual. Em entrevistas, ontem, ao “CETV 1ª Edição”, da TV Verdes Mares, e ao “Diário na TV”, da TV Diário, o socialista destacou que, entre suas principais propostas, estão maiores investimentos na Educação, Saneamento Básico e Segurança Pública.
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De acordo com o candidato, o modelo econômico vigente no Ceará é concentrador de renda e riqueza, o que inviabiliza a melhoria de vida das pessoas. “Tenho repetido diversas vezes que temos voos diretos para Paris, enquanto que a população vive com o esgoto a céu aberto”, reclamou.
Para ele, há recursos para investir, por exemplo, em energias renováveis, mas esta, em sua avaliação, não tem sido política prioritária no Estado. “Gastamos R$ 150 milhões com aquário e as universidades estão sem recursos para custeios, para funcionar de forma regular. É importante garantir a assistência estudantil e cumprir o que determina a Constituição, que é a liberação de 5% de recursos para a Educação Superior”.
Ailton Lopes defendeu um novo modelo de se fazer política, com participação real da população nas decisões dos governos. “Mais que o voto, queremos que as pessoas se engajem na política e acreditem que é possível garantir 100% dos professores nas escolas, garantir reposição do pincel, e ao estudante, que não tenha que dormir no chão porque não tem sala para ficar o dia inteiro na escola”.
Ele sustentou, ainda, que é necessário garantir qualidade universal a todas as escolas e repasses de, no mínimo, 30% do Orçamento para a Educação, além de reposição salarial dos educadores, visto a defasagem salarial existente. “Eu, que sou formado em Letras, sei da importância das novas práticas pedagógicas. Você ter mestrado, doutorado e refletir isso na prática educativa, (para) que isso possa se refletir na melhoria escolar do estudante”.
Em sua avaliação, em eventual governo socialista, haveria inversão de valores para a garantia de direitos constitucionalmente consagrados. “Tenho falado muito sobre o saneamento básico, que a cada R$ 1 investido são R$ 4 que se economiza em saúde pública. Isso pode impedir diversos tipos de doenças e diminui o custo da máquina do Estado ao investir em saneamento básico. Garante dignidade e gera emprego e renda”.
Energia
Outro exemplo de prioridade do candidato é o investimento em energia renovável, como a solar. De acordo com ele, a atual gestão comemora ter investido em termelétrica, que em sua avaliação, é uma fonte de energia do século XIX, “que gera pouco mais de 300 empregos e consome água que pode servir a uma cidade de 300 mil habitantes”. O socialista disse ainda que, caso fosse consultada a sociedade, ela optaria pelo investimento em energia solar, “que garante muito mais empregos”.
“Infelizmente, não se pergunta, porque quem decide isso é o Governo, no Palácio, e a Assembleia, onde muitos deputados são ligados a prefeitos. Precisamos que o povo entre em campo, lembrando que a política não é feita somente por deputados, governadores e senadores. Não queremos que os megaempresários digam quem vai ser o próximo governador, mas que a população tenha seu interesse comum atendido”.
Segurança
Quando perguntado sobre suas propostas para a área de Segurança Pública, Ailton Lopes afirmou que é importante não enganar a população, “porque isso aqui não é concurso de enganação”. Segundo disse, muitos agentes foram contratados, mas isso não resolveu o problema da violência crescente no Ceará.
“As pessoas estão mais inseguras. Foram 5.134 pessoas mortas no ano passado. Desde o segundo ano do Cid até o Camilo, foram mais de 34 mil pessoas mortas. Isso é uma guerra, é maior que o número de habitantes de 70% do Ceará”, disse.
De acordo com ele, o mais importante é que os agentes de segurança precisam apresentar resolutividade para os crimes cometidos no Estado. “Qual política chega para as mães, para as testemunhas da violência?”, questionou. Segundo o candidato, é preciso mudar o foco de prevenção e investigação, acompanhando os familiares e apresentando diagnóstico de resultados.
“É preciso integrar a política de segurança com todas as políticas sociais. Em Fortaleza, a maior parte dos crimes contra as vidas está concentrada em 4% de todo o território da cidade. É preciso investimento do Estado direcionado para isso”, apontou Ailton Lopes.